O ser humano tem a mania
tenebrosa de prever o fim do mundo. Talvez resida aí certo complexo de
inferioridade ao não conseguir conceber a infinitude do tempo diante da
brevidade da nossa existência. Sem contar que as profecias sobre o fim são
ambíguas, já que elas sempre trazem consigo a ideia de que o fim não é o fim,
sempre haverá uma recompensa ao sofrimento após a destruição do mundo. Ou seja,
a relação do homem com o fim do mundo é sadomasoquista: tem que haver
sofrimento para se chegar ao prazer. Quando se fala do fim do mundo, logo nos
lembramos do Apocalipse, o capítulo
mais tenebroso da Bíblia. Mas esse delírio começa bem antes.
Há mais de três mil anos, os
hindus já criavam profecias pra o fim do mundo. Para eles, a cada quatro
bilhões de anos, que equivale a um dia para o deus Brahma, o mundo se acaba.
Isso por que ao final de cada dia (nossos quatro bilhões de anos) Brahma fecha
os olhos para dormir. Desconfio que Brahma esteja sofrendo de insônia crônica.
Cerca de 2.500 anos atrás, um sujeito chamado Zoroastro criou, na Pérsia (atual
Irã) uma religião monoteísta que pregava que, num futuro indeterminado, Ahura
Mazda (deus) enviaria à Terra seu último profeta, Shoasyanti. Quando isso
acontecesse, o mundo seria coberto por um mar de lava e metal que todos teriam
que atravessar descalços. Os puros nada sentiriam, naturalmente. Já os
ímpios... Coitadas das solas dos meus pés.
Depois deles os cristãos, os
muçulmanos, os incas e todos os povos criaram suas profecias para a destruição
do mundo. Sem falar os lunáticos de menor porte, como o pastor americano Harold
Camping, líder do grupo cristão “Family Radio”, que previu o fim do mundo para
as 20 horas do dia 21 de maio do ano passado. Claro que a sua profecia não se
realizou. Não totalmente: logo depois ele teve um AVC e quase morreu. Pelo
menos para ele, o mundo quase acabou. Esperemos 2012...
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