A trilogia Alma da África, de Antonio Olinto é marcada por protagonistas de
personalidades fortes. No volume um era a velha Mariana, filha de escravos e
que migrou com a avó, a mãe e dois irmãos de volta para a África e construiu um
império vendendo água. No volume dois era Abionan, a vendedora de mercado que
queria ter um filho e fazer dele o rei de Keto. Essas duas personagens aparecem
em Trono de vidro, o volume três da
trilogia, mas a protagonista de personalidade forte do romance é a jovem
Mariana, neta da velha Mariana e filha de Sebastian Silva, presidente de Zorei
assassinado no final do volume um.
A história se passa em 1985,
quando a jovem Mariana, após estudar na França, retorna à África e é acometida
de constantes lembranças do pai morto em 1968. Essas lembranças vão despertar
nela o desejo de voltar à Zorei, que vivia sob uma ditadura militar. A partir
daí ela vai liderar um movimento que os seus partidários chamaram de
“sebastianismo”, uma alusão ao seu pai e que se inspirou no sebastianismo
português, que era a crença na volta de D. Sebastião, rei morto na batalha de Alcácer-Quibir.
O objetivo do movimento era tomar o poder democraticamente usando, para isso, a
popularidade do pai de Mariana na época em que ocupou a presidência do país.
Olinto consegue mostrar de forma
muito competente os vícios da política em países onde imperava a miséria nos
anos 80: fraudes eleitorais, manipulação, censura, repressão. E desse jogo de
manipulação do eleitorado não fica de fora a jovem Mariana, que adota um nome
ioruba, Ilufemi, para melhor ser aceita pelo ´povo e transforma o movimento
político que liderava em movimento messiânico. Dos três volumes, esse é, com
certeza, o mais eletrizante e tenso. Vale a pena ler...
Nenhum comentário:
Postar um comentário