Ronaldo Correia de Brito é
médico, cearense e mora no Recife. Galiléia
tanto pode considerado um romance como um ensaio ficcional sobre o sertão
que, como diz o autor “tanto pode significar um espaço mítico como um acidente
geográfico”. O ponto de partida é a vigem de três primos (Adonias, Ismael e
Davi) ao sertão do Ceará. Depois de anos fora, os três retornam à fazenda
Galiléia, do seu avô Raimundo Caetano, que está agonizando após comandar com
mão de ferro a sua propriedade.
Esses três homens, que fazem
parte de uma geração que largou o campo para viver na cidade, fizeram de tudo
para cortar seus laços com a região, mas a obrigatoriedade do retorno faz com
que todo o repertório de aflições, angústias e traições venha à tona. A
identidade dúbia dos personagens e os sentimentos reencontro/despedida servem
de metáfora à crise de identidade dos sertanejos. No que eu discordo. O
sertanejo tem uma identidade muito bem definida, com uma cultura riquíssima e
fértil.
O personagem Raimundo Caetano
encarna muito bem essa dubiedade. Ao mesmo tempo em que renegou seus filhos
bastardo, entregando-os a desconhecidos, tratou de registrar como filho seu um
neto, Ismael, filho bastardo do seu filho mais velho, um dos primos viajantes.
O livro retrata as belas imagens do sertão nordestino, trazendo à lembrança dos
filhos da terra as belas paisagens que marcam a região, apesar do pesadelo da
seca. Um livro para ler e rememorar.
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