Estive lendo dias atrás no blog Biblioteca de Raquel a entrevista com o presidente da Feira do
Livro de Frankfurt, Jurgen Boos (na foto acima), que esse ano tem como convidada de honra é a
Nova Zelândia e no ano que vem é o Brasil. Ao falar sobre a crise do mercado
editorial, Jurgen disse: “O mais interessante é que há mais títulos publicados
do que nunca, os preços subiram um pouco e o faturamento continua o mesmo. A
conclusão: menos exemplares por títulos, as pequenas vendendo menos, e
best-sellers como Cinquenta Tons de Cinza
vendendo mais do que nunca. Isso é perigoso, porque mostra que as pessoas estão
interessadas só naquilo que é muito divulgado. Isso acontece no mundo inteiro.
É um problema de educação. Temos de mostrar às crianças que há mais.”
o
brasileiro lê, em média, quatro livros por ano, mas somente a metade da
população pode ser considerada leitora, segundo pesquisa realizada pelo
Instituto Pró-Livro. Por que o brasileiro lê tão pouco? Só para efeitos de
comparação, nossos hermanos
argentinos leem o dobro. Não podemos culpar os preços, é possível comprar
livros de R$ 10,00. Contra o argumento do preço alto dos livros temos “os
fenômenos editoriais”, o último deles Cinquenta Tons de Cinza, cujo preço deve ficar em torno de
R$ 50,00, mas está vendendo como água. Já vendeu mais 40 milhões de exemplares.
Talvez Boors tenha razão quando diz que é “um problema de
educação”. Não se estimula a leitura no Brasil como deveria. O estímulo não
deve acontecer apenas na escola, onde a criança fica apenas quatro horas. O
estímulo tem que acontecer em casa, com a família. Aí está o problema! É raro
encontrarmos uma casa com biblioteca, por mais modesta que seja. Tenho o hábito
de comprar e ler livros e sou visto, em muitos meios, como excêntrico. Para
aqueles espíritos mais benevolentes, “esquisito”. O estímulo não pode acontecer
para vender apenas um título “da moda”. O mercado editorial não tem que ser
encarado apenas como um negócio, mas também como uma questão de sobrevivência
cultural de um povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário