sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O preço do vício


Pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou que 1,5 milhão de adolescentes e adultos consomem maconha diariamente no Brasil. Ainda de acordo com o estudo, 7% da população adulta (entre 18 e 59 anos), ou seja, oito milhões de pessoas, já fumou maconha pelo menos uma vez na vida. Entre os adolescentes esse número é de 600 mil, destes, 10% se tornarão dependentes. Estima-se que mais de 1% da população masculina é dependente e existam 1,3 milhão de dependentes da maconha no país.
Podemos associar essa pesquisa à outra, do deputado federal Genival Carimbão (PSB-AL). Segundo a pesquisa do deputado, a população brasileira cresceu 110% nos últimos 40 anos. No mesmo período, a população carcerária cresceu quase 1.000%. Entre os crimes praticados pela população intramuros, 80% está relacionado às drogas, seja o tráfico, o roubo, o furto ou até mesmo o latrocínio, praticados por dependentes para obter a droga. Um preso custa ao erário R$ 2.500 mensais num sistema prisional sem a menor infraestrutura.
Os dados dessas duas pesquisas deve nos levar a refletir sobre a política de repressão às drogas adotada no país. Indiscutivelmente, as drogas mais pesadas devem continuar a margem da lei pelos estragos sociais que provocam. Mas mesmo nesses casos, é necessário haver a distinção entre o usuário e o traficante. No entanto, ainda não consegui encontrar uma justificativa para que a maconha continue a ser colocada no mesmo patamar que as drogas mais pesadas. É uma droga que traz malefícios à saúde? Sim, é verdade. Mas o cigarro também! O dependente quando a consome sai do seu estado normal e pode cometer crimes? Sim, é verdade. Mas o álcool também! Os malefícios trazidos pela maconha são similares aos trazidos por drogas lícitas, como o álcool e o tabaco.
É muito mais racional e barato investir em prevenção e ressocialização (o que não vem sendo feito da forma como deveria) do que na repressão (o que também não vem sendo feito como deveria). Um usuário em recuperação custa aos cofres públicos R$ 800,00, três vezes menos do que um preso. É menos oneroso legalizar a maconha e investir em prevenção e ressocialização do que continuar a reprimir e mandar dependentes para um sistema prisional que não recupera ninguém.   

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