segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Minha primeira vez


- Toma cuidado, menina. Homem não presta!
Essa era a ladainha da minha mãe. Um verdadeiro mantra. Todos os dias ela repetia isso sempre que eu ia sair de casa.
- Toma cuidado, menina. Homem não presta!
E eu tinha apenas doze anos. Ela tinha certa razão, mas naquela idade eu não sabia. Meus peitinhos já estavam durinhos, as pernas começavam a engrossar e a bunda a ficar arrebitada. Já percebia a forma como alguns homens me olhavam. Eles babavam com os olhos ao me verem passar, vestida com uns shortinhos apertados. Não fazia de propósito. Era que eu crescia muito rápido e a roupa logo ficava pequena.
Todas às vezes que eu ia ao boteco do seu Oscar comprar cigarros para o meu pai, via a forma como aquele velho fedorento me olhava.
- Um pirulito para a mocinha – dizia seu Oscar todas às vezes. E os bêbados bobalhões ficavam virando o pescoço pra me ver. Não sei ver o que!
Aos treze anos estava com o corpo formado e com uma agonia abaixo do umbigo. Parecia uma coceira que passava quando eu andava de bicicleta e esfregava aquela parte no selim. Era gostoso e eu chegava a quase cair de contentamento. Mas eu não sabia o que era.
- Toma cuidado, menina. Homem não presta!
Foi nessa época que conheci o Igor, um menino da minha idade que veio morar próximo da nossa casa. Ele se dizia apaixonado por mim. Como o Igor não era um homem, mas um garoto, não me preocupei com as recomendações da minha mãe.
Certa vez estávamos eu, ele, a Veronica, a Ester, minha melhores amigas, e o Valdir, um garoto feioso que ficou amigo do Igor logo que ele chegou à rua, conversando encostados no muro da minha casa, no início da noite.  Todos sob o olhar severo e vigilante da minha mãe.  
- Sou apaixonado por você – insistia em dizer o Igor a cada cinco minutos. Quando eu percebia que as minha amigas estavam vendo e ouvindo, corava de vergonha, não sabia o que dizer nem onde colocar as mãos.
Num cochilo do espirito vigilante da minha amada mãe, que entrou em casa para beber água ou coisa parecida, Igor tascou-me um beijo. Senti a sua língua fazer uma verdadeira varredura na minha boca, sorte que eu tinha escovado os dentes, senão ele teria levado alguma sobra do meu jantar.
Enquanto sua língua passeava pelo minha boca, eu ficava estática, com a boca aberta, sem saber o que fazer, apenas aceitando seu beijo melado. Durou uns dois minutinhos, fiquei literalmente de boca aberta.
- Adorei – balbuciou ele, com um ar apalermado.
Não sei dizer se o beijo foi tão bom assim, mas o efeito imediato foi a comichão que me deu abaixo do umbigo. Não sabia o que era isso, mas era bom.
Depois disso, trocávamos “selinhos” às escondidas. Nunca mais teve um beijo como aquele. Para os nossos colegas de rua, éramos “namorados”. Para os meus pais, eu era uma menina que ainda não pensava nessas coisas. O que era verdade! Eu não pensava, mas sentia...a comichão debaixo do umbigo.
- Toma cuidado, menina. Homem não presta!
- Mas o Igor não era homem, era garoto. – pensava eu. O mantra materno não deve servir pra ele.
Numa dessas noites em que ficávamos conversando na calçada da minha casa, minha mãe resolveu ir para a missa e deixou meu pai de guarda lendo jornal na varanda, em sua espreguiçadeira.
Foi fácil: sorrateiramente, eu e o Igor fomos para o quintal, debaixo da mangueira, no escurinho. No início eu hesitei, mas a comichão falou mais alto. Encostei-me na mangueira, de costas para ele...
- Toma cuidado, menina. Homem não presta!
... Mas o Igor não é homem, é garoto. Apoiei minha perna direita num banquinho de madeira que ficava embaixo da árvore. Ele levantou meu vestido e afastou minha calcinha. Senti aquele negócio procurando por algo molhado. Sentia ele resfolegando no meu ouvido. De repente, o negócio duro entrou em mim parecendo um ferro.
Aquilo doeu mais do que ferroada de abelha italiana! Não que eu já tivesse levado ferroada de abelha italiana, mas já ouvira falar. A custo segurei o grito e o impulso de dá uma bofetada em Igor.
Aquele negócio entrou e saiu umas três vezes até que eu fiquei toda melada. Ele parou de entrar e sair, me pegou pela mão e voltamos para onde estavam nossos amigos. Não sei exatamente o que aconteceu, mas tive duas certezas: a comichão passou por alguns dias e aquele lugar ficou todo dolorido pelo mesmo período.
Aquilo não voltou a acontecer. Não por falta de vontade dele... e um pouco minha também, vá lá. Afinal a comichão voltou alguns dias depois. Mas por causa da vigilância da minha mãe, que não dava descanso.
 - Toma cuidado, menina. Homem não presta!
Minha mãe continuava com o seu mantra, que não se aplicava ao Igor nem aos namoradinhos que fui tendo ao longo da adolescência. Mas com nenhum eu fui para debaixo da mangueira! Eram somente “selinhos” e toques de mãos.
 Aos dezoitos anos, fui trabalhar no mercado Pague bem, de propriedade do seu Abílio, amigo de longa data dos meus pais. Eu não sabia, mas esse emprego iria me deixar marcas... não o emprego em si.
Quando já fazia um ano que trabalhava no caixa do mercado, conheci um homem de cabelos grisalhos, moreno, nem gordo nem magro, nem alto nem baixo. Eu percebia que ele aparecia várias vezes todos os dias para fazer pequenas compras, às vezes somente um creme dental, e ficava me olhando com um sorriso discreto no canto da boca.
Ele era lindo! Soube que era engenheiro da fábrica de cimento, devia ter mais de quarenta, com certeza. Sempre cumprimentava seu Abílio quando ia fazer compras e ficava me olhando.
  - Toma cuidado, menina. Homem não presta!
É, agora eu tinha que tomar cuidado. Afinal aquele ali não era mais garoto, era homem feito. E muito feito. O problema era que eu não queria tomar cuidado. Quando ele me lançava aqueles olhares, a comichão voltava, só que, nessa idade, eu já sabia o que era.
Numa manhã nublada quando cheguei para trabalhar, fui chamada ao escritório do seu Abílio. Fiquei apreensiva.
- O que fiz de errado? – pensei. Ele raramente chamava um funcionário no seu escritório. E quando fazia era para dá bronca!
- Mocinha, tenho uma tarefa para você.
- Pois não, seu Abílio.
- Quero que você faça uma entrega.
- Mas seu Abílio, eu tenho que assumir o meu caixa. – falei hesitante.
- Não discuta, mocinha. É um cliente especial e me pediu pra que você, e somente você, fizesse essa entrega.
Não discuti, mas no trajeto, que durou uns dez minutos, o mantra da minha mãe não me saía da cabeça.
 - Toma cuidado, menina. Homem não presta!
Bati na porta. Ele tendeu.
- A entrega que seu Abílio mandou entregar ao senhor. – sentia meu rosto rubro diante do seu olhar que penetrava a minha alma.
Ele apenas apontou uma mesa. Entrei e depositei a sacola com as compras. Sem uma palavra, senti ele se aproximar das minhas costas, pegar-me pela cintura e beijar-me o pescoço.
Fiquei paralisada!  Toma cuidado, menina. Homem não presta! As pernas tremiam. Suas mãos subiram e tocaram meus seios. Senti sua língua percorrer meu pescoço, fiquei arrepiada. O que senti abaixo do umbigo deixou de ser comichão ou coceira. Passou a ser algo mais forte, indescritível.
Minha alma apagou por alguns instantes. Quando recobrei a consciência estava na cama com ele, ambos nus. Aquele homem passou a língua em lugares que eu não lembrava que existia. Me falou coisas ao ouvido que me causaram uma torrente de prazer e tesão que nunca mais senti. Descobri nesse dia que o meu ponto G fica no ouvido. Pelo menos o meu!
Sentia seu negócio duro me procurando. Ao mesmo tempo aquela minha parte abaixo do umbigo, completamente alagada, se deixava achar. Senti-me invadida. Deliciosamente invadida!
  - Toma cuidado, menina. Homem não presta!
Presta sim! Foi a minha conclusão naquele momento, sendo invadida.
Sensação boa, ruim, boa, ruim, arrepio, de frente, de costas, de ladinho, em cima, em baixo, boa, ruim, boa, boa, boa, arrepio, boa, boa, arrepio, vai explodir! Vem, vai, vem, vai, vai explodir! Suor, cheiro de sexo, suspiros, apertos, Toma cuidado, menina. Homem não presta! Vá à merda! Vai explodir, xinga, bate, aperta, vai explodir!!!! Explodiu...
Nunca me senti tão bem, tão mulher toda melada pelo desejo dele. Nunca soube seu nome, nem precisava saber. Só precisava saber onde encontrá-lo, o que também não sabia. Nunca mais o vi. Minha mãe passou a vida inteira errada com seu mantra. Homem presta!
Foi a minha primeira vez...
 

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