Depois de treze anos de
tramitação, foi aprovada no Senado a lei que estabelece cotas sociais e raciais
nas instituições públicas de ensino superior. Pela lei, as universidades
públicas são obrigadas a destinar 50% das vagas para estudantes que fizeram
todo ensino médio em escolas públicas. Destas, metade deve ser destinada a
alunos com renda familiar até um salário mínimo e meio por pessoa. Entram
também nesse percentual os alunos que se declararem negros, pardos ou índios de
acordo com o percentual da população de cada estado tendo por base o censo do
IBGE.
Uma consequência da lei é o
aumento de 134% das vagas preenchidas por cotas, segundo levantamento da Folha de São Paulo nas 59 universidades
federais do país. Hoje são destinadas 52.190 vagas. Com a lei pula para 122.132
vagas, num total de 244.263. Esse levantamento da Folha tem como base o número de vagas em cada universidade
oferecidas em 2010, último censo da educação superior disponível pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais). Para o relator do projeto, senador Paulo Paim
(PT-RS) vai dá mais oportunidades aos estudantes pobres e não prejudica
ninguém.
Prejudica sim! A medida, aparentemente
benéfica, é um tiro na meritocracia. Ela vai dá mais chance para que os 65% dos
estudantes que terminam o ensino médio sem estar plenamente alfabetizados
(resultado do inaf, comentado aqui em 31 de julho) entrem na universidade e
façam parte daqueles 38% que terminam o ensino superior com déficit de leitura e escrita. Os
processos de entrada e saída das universidades têm que se pautar no rigor
acadêmico para preservar a qualidade dos profissionais que delas sairão. As cotas
raciais e sociais representam uma boa oportunidade do poder público de se
imiscuir de suas responsabilidades, que é oferecer uma educação pública de qualidade.
Com essa medida, o lixo está sendo
varrido para debaixo do tapete. Quer ajudar os estudantes pobres? Melhore a
qualidade de ensino nas escolas da rede pública. Com isso, os estudantes pobres
que as frequentam terão capacidade de competir em igualdade de condições com
alunos oriundos de escolas particulares. É uma medida assistencialista e
paternalista que em nada melhora a qualidade da educação do país. Não basta
permitir o acesso do estudante pobre à universidade, é necessário que ele
consiga sair de lá sendo um profissional capaz de exercer a profissão. E não é
isso que tem mostrado os resultados do inaf. Essa medida é um tiro na
meritocracia!
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