Essa coletânea reúne quase toda a
totalidade da obra do americano Raymond Carver, escrita entre as décadas de 60
e 80. Nascido em 1938, a sua literatura tem um forte componente autobiográfico:
casou cedo, trabalhava em empregos mal remunerados, teve problemas com o
consumo excessivo de álcool (vício que largou somente aos 40 anos) e morreu em
decorrência do tabaco, aos 50 anos, em 1988. A coletânea permite ao leitor
conhecer a grande polêmica que envolveu o escritor americano e seu editor,
Gordon Lish.
Os dois se conheceram em 1967
quando trabalhavam numa editora e logo Carver tomou coragem de mostrar seus
textos ao colega. Lish passou não apenas a dá conselhos, mas também, com
autorização de Carver, a suprimir frases e mudar títulos, criando um dos mais
emblemáticos casos de dupla autoria na literatura. Um exemplo nessa coletânea
são os contos O banho (versão de
Lish) e Uma coisinha boa (versão de
Carver). A versão de Carver possui vinte páginas. A de Lish, oito.
O fato é que Carver se
notabilizou como um grande contista (talvez pelo tempo exíguo que tinha para
escrever), com um estilo de frases curtas, secas, distanciadas, nada heroicas.
Aliás, heróis não são o forte dos personagens carvernianos. Os problemas com
álcool, as desavenças afetivas, as crises de existências são uma constante em
seus contos. Apenas em alguns momentos surge algo parecido com felicidade, como
na narrativa Do que falamos quando
falamos de amor. O fato é que a narrativa de Carver sempre deixa uma
reticência na imaginação do leitor...
Eu estou muito apaixonada pelo que já li sobre Carver, quero muito ler algo de sua autoria!
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