sábado, 21 de abril de 2012

O aborto, segundo Veríssimo


Muito bom o artigo sobre o aborto do escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo, publicado no blog do Noblat. Veríssimo afirma que “esta (o aborto) é uma decisão que deveria acontecer o mais longe possível de qualquer consideração legal, no íntimo da mulher, que é dona do seu corpo e do seu destino”. Ou seja, a decisão de ter o filho ou não é exclusiva da mulher, não é uma decisão de estado. Eu acrescentaria mais: não é também uma decisão da Igreja. Enquanto a criança não nasce, ela faz parte das entranhas da mulher que a carrega. Nem Estado nem Igreja deve se imiscuir nas estranhas da mulher. Nada mais íntimo, nada mais seu do que suas entranhas.
Discute-se quando se inicia a vida, quando o feto passaria a ter a proteção do aparato estatal. Os adversários do aborto alegam que esta prática seria um atentado à vida. Porém, qualquer prática no sentido de interromper a gravidez é considerada pela legislação como crime de aborto, não homicídio. Portanto, legalmente, deveria ser considerado como o início da vida o nascimento. Não quero a banalização do aborto, mas apenas o direito da mulher de decidir se quer ou não ter o filho que carrega no seu íntimo.
Semana passada o STF decidiu pela legalização do aborto de fetos anencéfalos. Aos que berraram histericamente contra a decisão, um lembrete: a lei não obriga a mulher que carrega um feto anencéfalo a abortar, ela apenas dá direito ao aborto à mulher que quer interromper a gravidez nessas circunstâncias. Não cabe ao estado nem a Igreja dizer se e quando a mulher pode decidir. Ao Estado cabe o dever de assegurar um parto ou aborto com as melhores condições possíveis. À Igreja cabe dá apoio espiritual a quem necessita e quer em qualquer das situações. 

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