O livro Casa de encontros, do escritor inglês Martin Amis, é uma obra de ficção escrita a partir de pesquisas que o autor fez para escrever um ensaio sobre Stálin. A narrativa tem a forma de uma carta escrita pelo protagonista, em 2004, para sua filha nos Estados Unidos. Ele está voltando à Rússia depois de décadas de ausência para morrer. O livro critica as dimensões obscuras do totalitarismo soviético no período comunista. Mas as críticas do autor não ficam apenas na ex URSS. Sobra também para a Rússia moderna, ou nem tão moderna assim, na visão de Amis.
O narrador e protagonista é um ex preso de um campo de concentração para dissidentes da ex União Soviética. A razão para a sua prisão não fica muito clara, uma vez que qualquer motivo era motivo. Seria ele um herói? Nem um pouco. Soldado na II Guerra Mundial, estuprou várias mulheres quando seu país invadiu a Alemanha. Depois que saiu da prisão, transformou-se em traficante de armas e ficou rico vendendo-as para o mesmo estado que o submeteu à fome, à tortura e à escravidão.
A história de desenvolve a partir de um triângulo amoroso (o narrador, seu irmão Liev, também prisioneiro no campo de trabalhos forçados, e Zoya, uma bela intelectual judia e liberal). O título refere-se ao local em que os prisioneiros recebiam suas esposas para encontros conjugais. Foi lá que Liev recebeu Zoya para uma noite de sexo que mudou a sua vida para pior. Com a relação manchada pelo ambiente do gulag, o casamento acaba depois da liberdade de Liev. Amis parece ser russo tal a familiaridade com que trata os assuntos do país. Um bom livro.
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