Carmen Laforet é considerada como
umas das grandes escritoras espanholas do pós-guerra. E mostra isso em Nada, numa “prosa entre exaltada e
glacial” como disse Mário Vargas Llosa no prefácio da edição da Alfaguara.
Escrito quando a autora tinha apenas 23 anos, em 1944, o livro descreve a dura
realidade da Espanha logo após a Guerra Civil que devastou o país entre 1936 e
1939 através da adolescente Andrea, que chega à casa da avó, em Barcelona, para
estudar Letras na universidade local.
A história atravessa um ano da
vida da adolescente na Rua Aribau, onde mora a avó. O ambiente é desolador: fome,
frio no inverno, calor no verão, e uma família até então desconhecida e
completamente desajustada. A tia Angustias, misteriosa e controladora; o tio
Juan, artistas frustrado que vive às turras com a mulher; o tio Ramón, um
cínico que adora tirar do sério quem tiver por perto; Antônia, a empregada feia
e turrona: e a avó, que não consegue pôr ordem na casa. Esses são os
personagens com quem Andrea terá de conviver, na medida do possível.
Na universidade, onde Andrea tem
sérias dificuldades de relacionamento, conhece Ena, seu oposto: rica, bonita e
bem relacionada. Travam uma relação de amizades marcada por altos e baixos em
virtude da diferença social entre ambas, como também por causa do tio Ramón.
Andrea também se envolve com um grupo de pseudo-artistas boêmios. A Barcelona
retratada por Laforet é um enorme refúgio de
amargurados, onde mesmo os que se propõem serem rebeldes não fogem da
caricatura. Nada é um
livro inquietante por que o que se cala é mais importante do que o que se diz.
Nele, é no nada, no não dito, que está o encantamento da narrativa.
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