Acordei hoje com uma notícia
triste: morreu o escritor João Ubaldo Ribeiro. O escritor e sua obra tem essa
magia. Não o conhecia, nem nunca o vi pessoalmente, mas ele entrou em minha
casa e em minha vida através dos seus livros. Li oito dos seus dez romances e,
destes, coloco três entre os livros mais marcantes da minha vida: Viva o povo brasileiro (1984), A casa dos budas ditosos (1999) e O diário do farol (2002).
João Ubaldo nasceu em Itaparica
na Bahia, mas passou grande parte da infância em Aracaju, Sergipe. Não sem
motivos que parte dos seus livros é ambientada nesses dois estados. Formou-se
em direito, mas nunca exerceu a profissão, preferindo o jornalismo, onde
conheceu Glauber Rocha, com quem editou jornais e revistas culturais e participou
do movimento estudantil, em 1958.
Depois de fazer partes de algumas
coletâneas de contos, lança seu primeiro romance em 1963, Setembro não tem sentido, com prefácio do amigo Glauber Rocha e
apadrinhamento do maior nome da literatura brasileira de então, Jorge Amado. Com
o segundo romance, sargento Getúlio (1972),
ganha o Prêmio jabuti na categoria Revelação de Autor.
De lá para cá foram mais oito
romances, dois livros de contos, seis de crônicas, um ensaio do sobre política
e três de literatura infanto-juvenil. Todos marcados pela ironia, que era uma
peculiaridade de João Ubaldo. Quem não lembra dele, nas entrevistas, com aquele
vozeirão de locutor de FM e um meio sorriso nos lábios, “destilando” suas
ironias?
Algumas vezes foi cogitado, no
Brasil, para concorrer ao prêmio Nobel de literatura, mas isso nunca aconteceu,
infelizmente. A literatura não fica mais pobre por que João Ubaldo nos deixa
uma grande herança, mas não dá para imaginar que não teremos mais romances
saborosos assinados por ele. Vida que segue!
Nenhum comentário:
Postar um comentário