Febre do rato (2012), filme do diretor Cláudio Assis, não é um
filme comercial, mas deveria ser. É um filme que provoca inquietação pela forma
intestina como olha a nossa realidade. Sexo, álcool, drogas e amor compõe a
matéria-prima do diretor para compor o mundo marginal da periferia recifense. O
título é uma expressão típica do Recife para designar uma pessoa que está fora
de controle. E o filme é um descontrole total da ordem vigente, a filosofia
anárquica como estilo de vida.
O poeta Zizo (Irandhir Santos)
publica um jornal anarquista chamado Febre
do rato e se coloca como porta-voz dos marginalizados pela sociedade e pelo
governo. Rebelde inconformado com as injustiças que o rodeia, Zizo cria um
mundo em que a religião é seu sarcasmo, o mangue sua igreja e ele é o profeta
que tenta doutrinar seus amigos para a ideologia anarquista através da sua
poesia que ninguém consegue entender, somente o próprio Zizo. Tudo isso até
aparecer Eneida (Nanda Costa), uma morena estonteante com ar infantil que
tirará o poeta do seu equilíbrio.
Filmado em preto-e-branco, Febre do rato trata o sexo como algo
normal e o corpo como algo que deve ser usado para atender às nossas
necessidades. Além dos dois atores que interpretam os protagonistas, o elenco
conta com atuações magistrais de Matheus Nachtegaerle, como paizinho, o melhor
amigo de Zizo, e sua companheira, o travesti Vanessa, interpretado por Tânia
Granussi, sustentando com competência o lado cômico do filme.
Mas o ponto alto que resume em
apenas uma cena toda a mensagem que o diretor quis colocar no filme é aquela em
que Zizo pede para sua musa fazer xixi (vá lá, mijar mesmo!) na sua mão. Impagável!
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