quarta-feira, 16 de julho de 2014

Factótum – Charles Bukowski



“- Alguma vez você se apaixonou?
 - Isso é para pessoas de verdade.
 - Você me parece de verdade.
 - Não gosto de pessoas de verdade.
 - Não gosta?
 - Eu as odeio.”
O segundo romance de Charles Bukowski, Factótum, lançado em 1975, não é um livro para ser lido por qualquer um, como toda a sua obra. Mais uma vez está lá o ater-ego do autor, o anti-herói Henry Chinaski, com suas bebedeiras, suas confusões, seus empregos efêmeros e suas amantes idem. A sordidez presente em Factótum, que para muitos seria um demérito da obra, representa o ponto forte da obra quando se trata de Charles Bukowski, “O velho safado” da literatura mundial.
“A alma de um homem está profundamente enraizada em seu estômago.”
Nessa obra, Chinaski é considerado inapto para o serviço militar, portanto não pôde combater na Segunda Guerra Mundial. Então, o que fazer quando todo o país está unido para o combate e você não está entre os “heróis”? Para Chinaski, o mais apropriado é beber muito, trepar muito e escrever muito. E de vez em quando arrumar um emprego para comprar muita bebida, pagar (atrasado) o aluguel e comer o suficiente para ter forças para escrever. É uma versão Bukowskiana do artista quando jovem.
 “Uma mulher é um emprego de turno integral.”
A cada livro, Bukowski exercita seu desapego levado ao extremo. E em Factótum não é diferente. Nada prende Henry Chinaski! Nem amores, nem trabalho, nem pai nem mãe. Nada! Como são comuns nas obras de Bukowski, os diálogos dessa obra são memoráveis pela simplicidade associada à profundidade. O Velho Buk fala sem rodeios tudo o que a maioria quer falar ou ouvir. O grande mérito de Bukowski é conseguir viver numa liberdade absoluta, mesmo estando na miséria.

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