quarta-feira, 2 de julho de 2014

Cartas na rua – Charles Bukowski



Primeiro livro de Charles Bukowski, Cartas na rua, lançado originalmente em 1971, fala através, do seu alterego  Henry Chinaski, da sua vida na época em que trabalhou nos correios, emprego que Bukowski ficou até os 49 anos enquanto lutava para ser reconhecido como escritor. No livro, o emprego não dura tanto assim. Quando se aproximava os três anos que lhe daria estabilidade, Chinaski pede demissão e vai viver das apostas nas corridas de cavalo.
Como nos outros livros de Bukowski, seu alterego é obcecado pela instabilidade, não consegue passar muito emprego “normal”. De dose em dose, o velho Chinaski vai pulando de emprego em emprego sem que nenhum o satisfaça minimamente. Em Cartas na rua, ele conhece Joyce, uma jovem de 23 anos cheia de grana (detalhe que ele desconhecia ao conhecê-la) que quer provar para a família que consegue sobreviver sem depender de parentes e, para isso, obriga Chinaski a achar mais um dos empregos “normais”.
Como isso vai acabar todo mundo já sabe: num grande porre e o bebum procurando alguma espelunca barata para morar. Essa é a vida de Chinaski em todos os livros de Bukowski em que ele aparece como protagonista: uma sucessão de empregos, porres e mulheres em que um obcecado pela insegurança busca aventurar-se, fugindo que pareça convencional. Apesar do tema batido e, aparentemente, sem muita “lenha pra queimar”, a genialidade de Bukowski consegue transformar em obra-prima.      

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