Primeiro livro de Charles
Bukowski, Cartas na rua, lançado
originalmente em 1971, fala através, do seu alterego Henry Chinaski, da sua vida na época em que
trabalhou nos correios, emprego que Bukowski ficou até os 49 anos enquanto
lutava para ser reconhecido como escritor. No livro, o emprego não dura tanto
assim. Quando se aproximava os três anos que lhe daria estabilidade, Chinaski
pede demissão e vai viver das apostas nas corridas de cavalo.
Como nos outros livros de
Bukowski, seu alterego é obcecado pela instabilidade, não consegue passar muito
emprego “normal”. De dose em dose, o velho Chinaski vai pulando de emprego em
emprego sem que nenhum o satisfaça minimamente. Em Cartas na rua, ele conhece Joyce, uma jovem de 23 anos cheia de
grana (detalhe que ele desconhecia ao conhecê-la) que quer provar para a
família que consegue sobreviver sem depender de parentes e, para isso, obriga
Chinaski a achar mais um dos empregos “normais”.
Como isso vai acabar todo mundo
já sabe: num grande porre e o bebum procurando alguma espelunca barata para
morar. Essa é a vida de Chinaski em todos os livros de Bukowski em que ele
aparece como protagonista: uma sucessão de empregos, porres e mulheres em que
um obcecado pela insegurança busca aventurar-se, fugindo que pareça
convencional. Apesar do tema batido e, aparentemente, sem muita “lenha pra
queimar”, a genialidade de Bukowski consegue transformar em obra-prima.
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