Primeiro longa-metragem do
diretor Fabiano de Souza, A última
estrada da praia (2011), é uma livre adaptação do romance político de Dyonélio
Machado (1895-1985), O louco do Cati, de
1942, e podemos dizer que se enquadra na estrutura de road movie, a la Jack
Kerouac, resguardando as devidas proporções, claro. O filme foi concebido
originalmente para ser um curta, mas os realizadores resolveram apostar na
complementação do trabalho, o que fica evidente na demarcação da produção em
dois momentos: o primeiro, no início do filme, com cenas mais ágeis; e o
segundo, caracterizado pelas cenas psicológicas quando o grupo se desfaz, na
segunda metade do longa.
A história gira em torno da ideia
de um grupo de três amigos, Leonardo (Marcelo Adams), Paula (Miriã Possani) e
Norberto (Marcos Contreras), de fazerem
uma viagem sem destino pelo litoral do Rio Grande do Sul. Pouco antes de
partir, Norberto convida um desconhecido (Rafael Sieg) para acompanha-los. O grupo
não é formado por adolescentes, o que reflete os tempos atuais em que os jovens
despertam tardiamente para a vida adulta, mas os críticos avaliam que chegar à
praia é uma metáfora do crescimento, como se lá chegando abandonassem a inconsequência
da juventude e adentrassem na vida adulta.
É impossível não perceber que a
produção é genuinamente gaúcha, não apenas por causa das locações de filmagens,
todas no Rio Grande do Sul, mas também por causa do forte sotaque dos
personagens. Um filme que não se enquadra no perfil comercial, mas, e talvez
por causa disso, vale a pena assistir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário