Sexto livro do britânico Andrew
Miller e terceiro lançado no Brasil (não li os outros dois), Puro conta a história do jovem
engenheiro de origem modesta Jean-Baptiste Baratte, que recebe a missão de um
ministro do rei Luís XVI de livrar-se da igreja e do cemitério de Les Inoccents, que vem acumulando corpos
há séculos, a ponto da população que vive nos arredores do cemitério reclamar
que a comida e água tem cheiro de cadáver. A presença dos cadáveres é tão forte
nas vidas dessas pessoas que Baratte sente o seu cheiro nos hálitos das pessoas.
Baratte aceita a empreitada e se
muda para a casa de uma família vizinha ao cemitério que esbanja simpatia e mau
hálito cadavérico. O que Baratte pensava ser uma missão que envolvia apenas
cálculos, cavar e remover esqueletos e entulhos se transforma em algo bem mais
complexo. Ao desenterrar os ossos, o jovem engenheiro percebe que a missão
envolve questões morais, sociais, de consciência, futuro, passado, morte, vida,
ideais, revolução. Todas esses questões exigirão do jovem Baratte um processo
de amadurecimento rápido para um jovem que vinha do interior.
Ambientado na Paris de 1785, Puro descreve a cidade de forma muito
diferente daquela que imaginamos, retratando seu ambiente pútrido, sem rede de
esgotos, penicos sendo esvaziados pelas janelas e cadáveres impregnando a tudo
e a todos com seu fedor. Daí o contrassenso do título do livro, que pode ser
uma metáfora. Ou não! O autor pode estar se referindo à purificação da cidade
com a destruição do cemitério. Um livro e tanto...
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