O diretor Carlos Reinchenbach,
falecido em 2012, foi um dos responsáveis pela retomada do cinema nacional no
fim dos anos 90 e deixou um legado para a nossa cinematografia. Com certeza, Garotas do ABC (2003) não está entre as
suas maiores obras, como Dois córregos (1999),
filme que ajudou a consolidar a produção cinematográfica brasileira após a Era
Collor, que acabou com os mecanismos de incentivos da produção cultural no
país, mas é um filme que tem méritos, como mostrar os estereótipos de uma
burguesia preconceituosa e de um povo alienado e rudimentar.
Toda a história se passa em São
Bernardo, ABC paulista, e gira em torno da vida de operárias de uma fabrica
têxtil. A principal delas, Aurélia (Michelle Valle), se apaixona por
Fábio(Fernando Pavão), membro de uma gangue neonazista. Detalhe: Aurélia é
negra. a partir da união entre um patético neonazista e uma operária negra, o
diretor constrói seu universo endoidecido.
Há também Paula Nelson (Natália
Lorda), operária assediada por um líder sindical; e Antuérpia (Vanessa Alves),
que tenta iniciar a vida de operária aos 38 anos. Mas uma personagem impagável
é Suzana (Luciele de Camargo), a masoquista-casta que se envolve em pequenos
acidentes na fábrica para chamar a atenção do chefe, sua grande paixão. Liderando
a gangue de neonazistas temos Salesiano de carvalho (Selton Melo), um fá do
integralismo que comanda atentados contra negros e nordestinos.
Para amarrar a história, os dois
grupos, o das operárias e sindicalistas e o dos fascistas, irão se encontrar
num bailão de sexta-feira num clube cuja dona é simplesmente Fafá de Belém,
interpretando ela mesma. Um bom filme...
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