A morte de Rafael Burlan da Silva
é o ponto de partida do comentário Mataram
meu irmão (2013), do diretor e irmão de Rafael, Cristiano Burlan. Na
realidade, a intensão de Cristiano não é apenas falar do irmão, morto com sete tiros,
no Capão Redondo, na periferia de São Paulo em 2001, aos 21 anos, mas falar da
violência que ceifa a vida de jovens que se envolvem com crimes nas periferias
das grandes cidades.
Antes de qualquer coisa, é
preciso muita coragem para fazer um filme como esse, em primeira pessoa,
expondo as entranhas da sua própria família. No filme, descobre-se que um irmão
de Cristiano, Tiago, cumpre pena em Cuiabá, e outro já esteve preso. O pai
alcoólatra morreu numa queda quando estava bêbado. A mão casou novamente e foi
assassinada pelo marido (Cristiano pretende fazer um documentário sobre o
assassino da sua mãe). Em suma, Cristiano torna públicos aqueles problemas que
as famílias têm, mas não faz de conta que não tem e quer esconder de todo
mundo.
Quando falamos de violência na
periferia imaginamos pessoas pobres e de pouca instrução. Não é o que vemos nos
depoimentos de Mataram meu irmão. Tia,
irmã, viúva e filhos de Rafael são pessoas de classe média, simpáticas e de boa
instrução, mas mesmo assim atingidos pela violência e pela droga. O grande
mérito do filme é não incorrer naquele erro de sempre falar bem do morto. Ressaltam-se
as virtudes de Rafael, mas ninguém esconde o fato dele estar envolvido com
drogas e roubos de automóveis. O filme bom de assistir...
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