Sétimo livro do escritor gaúcho,
lançado em 1977, Os tambores silenciosos tem
algo em comum com outros romances de Josué Guimarães: se passa numa cidade
fictícia no interior do Rio Grande do Sul. Dessa vez a cidade é a pacata Lagoa
Branca, que faz limites com Cruz Alta, Passo Fundo, Rio Pardo e Taquari.
Estamos na semana da pátria de 1936 e o prefeito tem uma preocupação: fazer os
habitantes da cidade “felizes”. Entre os preparativos da comemoração do sete de
setembro, o prefeito não mede esforços para atingir seu objetivo maior.
O Coronel João Cândido é o típico
prefeito de cidade interiorana nos anos 30: é ele quem manda! Com o “nobre”
objetivo de fazer seu povo “feliz”, o prefeito proíbe os jornais da capital de
circularem, a posse de aparelhos de rádios e censura a correspondência de todos
os cidadãos da cidade. O desrespeito a essas normas era punido com prisão. Os
mendigos eram expulsos da cidade e, às vezes, jogados no rio. O objetivo do prefeito
era evitar que os cidadãos de Lagoa Branca tomasse conhecimento das notícias do
mundo: guerras, fuzilamentos e epidemias.
Chama a atenção o rol de
personagens elencados por Josué Guimarães: João da Lagoa, o sacristão que vive
de promover intrigas; Doutor Lúcio, o político e intelectual bajulador; o
pérfido inspetor Paulinho, as irmãs Pilar, solteironas fofoqueiras, que vivem
espionando a cidade através de um binóculo. O curioso é que não há heróis, os
personagens são políticos medíocres e corruptos, mulheres infiéis e policiais
violentos. Todos com algo em comum: a ambição.
Nessa obra, Josué Guimarães usa
do humor e do cinismo para criar um microcosmo com todos os tipos possíveis de
ser encontrados na sociedade brasileira dos anos 30. Uma obra-prima no melhor
estilo do realismo fantástico.
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