Confesso que o Papa me seduziu.
Não! Não vou deixar de ser ateu. Deus continua sendo uma lenda para mim. Mas o
Papa Francisco me seduziu. Dos papas que conheci (os outros foram João Paulo II
e Bento XVI), Francisco foi o que teve o discurso mais próximo da realidade
concreta dos simples mortais, distanciando-se dos discursos voltados para o
paraíso Post mortem, típicos dos
líderes religiosos. Não que o seu discurso não tenha esse componente, mas há
trechos mais realistas nas suas falas.
Não acredito que Francisco vá
promover mudanças radicais na doutrina católica. Não acredito que a Igreja tão
cedo venha abençoar o casamento gay, nem tampouco permitir a ordenação de
mulheres, muito menos rever o celibato clerical. Apoiar pesquisas com
células-troncos? Nem pensar, pelo menos nas próximas décadas. Você está se
perguntando o que me seduziu no papa Francisco se ele não vai mudar a postura
da Igreja com relação a temas tão polêmicos. O que me seduziu é que, com ele, a
postura da Igreja irá mudar, pelo menos na relação com ela mesma, na resolução
dos seus problemas intestinos, como a corrupção e o envolvimento de padres com
a pedofilia. Se bem que com relação aos homossexuais, o discurso de Francisco é
sutilmente diferente dos discursos dos papas anteriores.
O que me surpreende no Papa
Francisco é o viés político dado a temas do cotidiano, como miséria, muito
diferente dos discursos de João Paulo II e Bento XVI. Suas mensagens não são
apenas teológicas, mas políticas, defendendo a presença da Igreja nas camadas populares,
postura defendida pelo teólogo Leonardo Boff quando ainda era sacerdote.
Observa-se que o Papa Francisco adotou uma postura agregadora como forma de
atrair para as hostes católicas todos aqueles que não aceitam o caráter
conservador da Igreja, principalmente os jovens. Vê-se o caráter agregador do
Papa Francisco nas referencias às outras religiões. Não há críticas! Ele deixa
bem claro que as outras religiões são parceiras na busca por um mundo melhor.
Mesmo não sendo católico, muito
menos cristão, desejo vida longa ao Papa Francisco, um líder religioso que
busca pela via diplomática o caminho para um mundo menos injusto.
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