Nessa novela, escrita em 1973,
Josué Guimarães ambienta a história numa cidade fictícia do interior do Rio
Grande do Sul, o que é uma constante nos seus textos. Depois de uma longa
ausência, Eduardo retorna para Abarama, que está ameaçada de ficar submersa por
uma represa. Por absoluta coincidência, o tema tratado no post anterior sobre o
filme Narradores de Javé era sobre
uma cidade do interior ameaçada por uma represa. Voltando ao livro... o
ambiente encontrado por Eduardo é de completo abandono, praticamente um
cemitério de almas e casas abandonadas.
Eduardo passa a recordar a sua
vida na cidade quando ainda morava com seu tio Lucas, por quem ele nutria ódio
e desprezo por ser o velho um difamador da vida de todos, que ele conhecia por
ser o chefe do trem da única estação da cidade. Com o tempo, o seu pai calado
sumiu, a sua mãe bondosa morreu e todos iam abandonando silenciosamente as suas
casas, sem aviso ou adeus. Restaram apenas Eduardo, o seu odiado tio e alguns
poucos moradores.
Como se trata de uma história
circular, o leitor não sabe ao certo onde começa e onde termina a história, nem
tampouco se toda a história se trata de um sonho de Eduardo ou se são
lembranças reais. Como é praxe em suas narrativas, Josué Guimarães lança mão de
uma apurada técnica narrativa para dá voz ao estado de espírito dos últimos
habitantes de Aburama. Um clássico e uma leitura obrigatória, mas saborosa...
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