No Rio Grande do Sul, um garoto
de 12 anos devolveu a carteira recheada de dinheiro a sua legítima
proprietária. Foi eleito o herói da semana! No Distrito Federal, a Câmara
Distrital aprovou Projeto de Lei que recompensa quem denunciar atos de
corrupção com dinheiro público. É o herói remunerado! Uma sociedade que ascende
a categoria de herói quem simplesmente agiu com honestidade, é um sinal de que
essa mesma sociedade está doente. A desonestidade está tão impregnada nos
nossos “valores”, que quando alguém age de forma honesta recebe o tratamento de
herói.
Ser honesto não deve ser
obrigação, mas princípio. Não se deve agir honestamente por medo de punição ou
por que vai ser remunerado, mas esse valor tem que está arraigado em cada um de
nós, como algo inerente a nossa conduta. Temos que inverter os valores, trocar
a banalização da desonestidade, tão em voga na nossa sociedade enferma, pela
banalização da honestidade, algo raro nos dias de hoje. Estamos tão acostumados
ao “passar o outro pra trás”, “levar vantagem em tudo”, “ganhar a qualquer
custo”, que quando nos deparamos com o simples ato de alguém devolver algo ao
seu legítimo dono, nos comovemos.
A sociedade brasileira agoniza.
Quando vemos um esperto enganando um tolo, pode está certo que o tolo caiu no
“conto do vigário” estimulado pela sua própria cobiça, pela gana de ganhar
fácil. Vibramos quando vemos um político punido por suas desonestidades (fato
raro!), mas a classe política cínica, descarada e sem-vergonha é meramente um
reflexo dos valores da sociedade cínica, descarada e sem-vergonha que o elege e
reelege. Herói é quem abre mão da sua individualidade em nome da coletividade
sem esperar nada em troca. E isso não temos visto por essas paragens! Nossa sociedade está na UTI e sem previsão de
alta, com sérios riscos de óbito. Nesse caso, não sobrarão heróis para contar a
história.
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