O italiano Umberto Eco é daqueles
escritores que externam sua genialidade em cada página com uma escrita
peculiar, inconfundível. Não é diferente de O
cemitério de Praga, lançado em 2010 (no Brasil em 2011), uma sucessão de
conspirações vistas pelos olhos de um personagem delirante, o capitão Simone
Simonini. A histórica é contada na forma de um diário onde o capitão conta suas
aventuras. No entanto ele parece esquecer, ou querer esquecer, detalhes
horripilantes do seu passado. No entanto, nesses momentos aparece um personagem
curioso: um abade supostamente morto pelo próprio Simonini, que insiste e quer
lembra-lo desses detalhes.
Simonini odeia mulheres e judeus
e é apaixonado por culinária. Mestre na falsificação de documentos e na cópia
da assinatura alheia, o capitão presta serviços para o serviço secreto francês. Ávido por informações, para vendê-las por bom preço, não hesita em inventá-las
para satisfazer seus empregadores, ou quem pagar por elas. Envolve-se em complôs contra judeus e maçons,
em falcatruas religiosas, conspirações, assassinatos, explosões, traições e
engana quem cruza seu caminho, desde que tire disso alguma vantagem.
No transcorrer da história, Eco
mistura realidade e ficção. Simonini cruza, no decorrer da vida, com Garibaldi,
o herói da unificação italiana; com os seguidores de Giuseppe Mazzini, filósofo
e político italiano; envolve-se na falsificação do documento de Dreyfus, o
francês acusado injustamente de espionar para o inimigo; e torna-se pivô dos
massacres provocado pela Comuna de Paris. Como os demais livros de Umberto Eco,
este tem tudo para se tornar um clássico.
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