segunda-feira, 13 de maio de 2013

José e Pilar


O senso comum associa genialidade com excentricidade. O documentário José e Pilar, do diretor português Miguel Gonçalves Mendes mostra que o escritor José Saramago, Nobel de Literatura e falecido em junho de 2010, era gênio, mas não era excêntrico. Miguel Gonçalves fez 230 horas de gravação com o escritor e sua mulher, a jornalista Pilar Del Rio, entre os anos de 2006 e 2009, período de feitura de A viagem do elefante, seu penúltimo livro.
Nas mais de duas horas de documentário, vê-se um Saramago em várias situações, sempre ao lado de Pilar. Os dois têm momentos tensos ao discutir política, com Pilar defendendo Hillary Clinton e Saramago, Obama; os dois passam por momentos emocionantes, como a cena em que o escritor chora ao assistir pela primeira vez a versão para o cinema de Ensaio sobre a cegueira, dirigido por Fernando Meirelles; mas também momentos românticos, quando ele lembra como os dois se conheceram, ele um escritor famoso, ela uma jornalista 28 anos mais nova.
O documentário mostra que a genialidade de Saramago permitia-lhe ser simples sem ser simplório, ser romântico sem ser piegas. Mas também mostra a mulher forte que existia por trás do gênio: Pilar. Mulher de posições firmes, mesmo quando estas contrariavam as ideias do marido, Pilar controlava os mínimos detalhes da carreira de Saramago. Controlava a carreira e protegia-o! O documentário confirma aquele ditado que afirma que por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher. 

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