Para muitos, a obra de J.D.
Salinger resume-se ao O apanhador no
campo de centeio, considerado um dos melhores romances da língua inglesa e
seu personagem, Holden Caulfield, tornou-se um ícone da rebelião adolescente
nos anos 80. Mas a obra desse escritor, paranoicamente recluso e avesso à
imprensa e à qualquer forma de divulgação da sua figura é muito mais do que
isso. Quem ler Carpinteiros, levantem bem
alto a cumeeira & Seymour, uma apresentação, duas novelas escritas em
1963, doze anos após o estrondoso sucesso da sua principal obra, percebe que
Salinger não é escritor de uma obra só.
Na primeira novela, Buddy conta,
num ritmo agitado e de forma divertida e de leitura rápida, o dia do casamento
do seu irmão, Seymour, por quem tem uma verdadeira adoração. A escrita dessa
novela é bem parecida com a de O
apanhador... Membros de uma família de astros, pois na infância todos os
irmãos participaram de um programa de perguntas e respostas, Buddy tenta
encontrar respostas para as paranoias do irmão, que se mataria alguns anos
depois, aos 31 anos.
Todo o fascínio pelo irmão é
externado na segunda novela, Seymour, uma
apresentação, quando Buddy fala dos 184 poemas que o irmão deixou ao se
matar aos 31 anos, sem, no entanto, descrever nenhum. Na época em que fala do
irmão, Buddy é um professor de inglês de 41 anos, dois anos mais novo do que
Seymour. Para Buddy, o irmão era um poeta visionário. E o próprio nome do
personagem (pronuncia-se, em inglês, “see more” = ver mais) nos remete à
vidente ou visionário. Leiam!
Nenhum comentário:
Postar um comentário