Em seu novo livro, Manifesto do nada na terra do nunca, o
sempre verborrágico cantor Lobão refere-se ao “Brasil-Peter Pan que se recusa a
crescer”. É verdade! Os dirigentes não têm interesse nem a sociedade é capaz de
discutir um projeto de longo prazo para a educação, a saúde ou a segurança
pública. É mais cômodo deitar-se no sofá e curtir a novela das oito, o Reality show do momento ou a convocação
do Felipão.
Pra que discutir temas muito
complexos se é mais fácil esbravejar bordões e cantarolar o último hit do sertanejo onomatopaico? De que vale
discutir se a educação é a salvação da lavoura se o Theo não ficar com a
Morena? Pra que discutir violência urbana se o Felipão convocou os 23
felizardos que vão para a Copa das Confederações e Gustavo Lima lançou mais um
sucesso (Têtêrêtêtêtê)? Pra que exercitar o cérebro se é possível colocar
silicone na bunda?
Como consequência, temos um
gigante retardado habitado por toupeiras dançantes. Uma manada de ignorantes
tangidos pela mídia. Ela faz com o seu dócil rebanho o que bem quer! O foco das
suas matérias não é o que é mais importante, mas o que está na moda. Teve uma
época que era moda noticiar crianças sendo jogadas pela janela: todo dia voava
uma. Depois a moda foi motoristas bêbados ao volante: todo dia aparecia um com
a voz embolada pelo álcool. A moda atual é noticiar crimes cometidos pelos “de
menor”. Menores sempre cometeram crimes! Por que nunca se preocuparam em
discutir as causas que levavam esses delinquentes a cometerem crimes? E o mais
importante: combater essas causas.
Não há interesse, eis a resposta.
Não há interesse da audiência, que prefere ver o sangue da vítima e do
criminoso. O povo gosta de vê desgraça! O cérebro do povão não consegue acompanhar
uma discussão racional sobre os problemas que os aflige, mas se delicia com
sangue derramado. Esse alheamento interessa às nossas classes dirigentes, que
preferem seu rebanho domado e dócil.
Nessa quintessência da ignorância
e da futilidade, quem sai ganhando é quem usa o cérebro ao invés do silicone. Que
o diga o Senador e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves. “O único
caminho seguro para o futuro do Brasil é transformar a educação em prioridade
de Estado”, escreveu o senador num artigo para a Folha de São Paulo na última segunda-feira. Seria o óbvio se o playboy
cinquentão, quando habitava o Palácio da Liberdade, não tivesse sido um dos
seis governadores que recorreram ao STF para barrar a Lei do Piso Nacional do
Magistério. Agora senador e presidenciável, a educação volta a ser
“prioridade”. Quer me enganar, entidade?
Enquanto a escória mortal enfrenta
fila desde quando nasce, alguns “escolhidos” em Brasília são poupados desse
dissabor. A Câmara mantém cinco
funcionários (salários entre R$ 8,7 mil e R$ 11,9 mil) e uma sala VIP (aluguel
mensal: R$ 7,5 mil) no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek para
facilitar o embarque dos nobres deputados, evitando que os mesmos enfrentem
filas e fiquem em contato com os simples mortais. O Senado mantém o mesmo
serviço com nove funcionários. Para não dizer que é sacanagem somente dos
parlamentares, o STF, o STJ e o Itamaraty têm o mesmo serviço. E tudo isso com
dinheiro público!!! Se a massa ignara (o público) quiser embarcar, vá para a
fila com suas malinhas.
A ignorância e o alheamento favorecem
os privilégios de uma casta que faz até piada para manter suas mordomias. E a
piada vem de Goiás, onde uma lei estadual proíbe o nepotismo, mas com ressalvas:
o governador, secretários, deputados e juízes podem ter até dois parentes
nomeados. “Quando se pensa que já viu de tudo,
aparecem surpresas", afirma Dias Tóffoli, ministro do STF.
Não, ministro! Na
terra do nunca as surpresas nuca se esgotam...
Hoje é tão banal ser corrupto, ser ladrão, ser desonesto, não ter educação, tirar uma vida por R$2,00. E o que falta para mudar essa realidade? EDUCAÇÃO. Não pensar é fácil, dançar quadradinho de oito é fácil, falar sobre a novela é fácil. Quero ver discutir e propor mudanças sobre educação, politica de qualidade, reformas na lei... EDUCAÇÃO PARA SAIRMOS DA TERRA DO NUNCA. E olha que até o Peter Pan deseja sair de lá e ter uma vida boa no mundo real.
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