“É possível amar um ser humano?
É claro, especialmente se você não os conhece muito bem.”
O que leva uma pessoa (no caso,
John Bryan, dono do jornal Open City) querer que um sujeito como Charles
Bukowski assine uma coluna semanal em seu jornal? Não que Bukowski não escreva
bem. Ao contrário, o cara é um gênio, mas um gênio ordinário. E aí está o
problema. Supõe-se que um jornal queira vender (anormal se fosse o contrário) e
os textos de Bukowski, com seus palavrões e ideias “pouco ortodoxas” não é
propriamente voltado ao grande público, que prefere algo mais ameno.
“O
público retira de um escritor, ou de um texto escrito, o que ele precisa e
deixa o restante passar. Mas o que eles retiram é geralmente o que eles
precisam menos e o que eles deixam passar é o que eles mais precisam.”
Pois é, o livro é fruto das crônicas
semanais que Bukowski escrevia no jornal do senhor Bryan. Alguns são crônicas,
outros são contos e ainda há frases. Todos tem em comum o fato de serem textos
curtos. Neles, o escritor fala de si mesmo, de literatura, de sexo, da
sociedade que ele abominava e dos tipos que a compõe, que ele abominava
igualmente. A fórmula do não viver adotada por Bukowski está presente em todas
as linhas do livro: não ligar para nada, não criar expectativas, fazer sexo,
comer e beber (muito, de preferência) só por fazer.
“Prefiro
ouvir sobre um vagabundo americano vivo do que sobre um deus grego morto”.
Bokowski aproveita para desbancar
alguns ícones da literatura, como Shakespeare. Mesmo parecendo uma “heresia”
para muitos, as posições do “Velho Buk” mostra que ele é um profundo conhecedor
de literatura. Há também “causos” da vida do escritor, como seu casamento com
uma ninfomaníaca ou o cotidiano do seu apartamento, sempre apinhado de pessoas,
muitas das quais ele nem conhecia, até que “enchia o saco” e expulsava todos. É
o “velho safado” e seu estilo inconfundível...
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