Podemos afirmar que Ao sul de lugar nenhum é o mais cru, o
mais intensamente real, o mais “seco” e direto dos livros de Bukowski. São 27
contos onde se encontra de tudo: estupros, assassinatos, fetiches. Além, claro,
do já comumente visto em suas obras: muito álcool, drogas, brigas e sexo. Não é
um livro para espíritos mais sensíveis, é um livro para quem gosta de bukowski.
Lançado originalmente em 1973, o livro revela um viagem sombria ao outro lado
do sonho americano, o lado dos excluídos e perdedores.
Mas a podridão presente na
literatura Bukowskiana não está ali à toa. A sua acidez sempre quer dizer algo.
No conto Nenhum caminho para o paraíso, um
casal observa seres humanos em miniatura que brigam, traem e se xingam. Para o
casal observador, o prazer em observar seres humanos (mesmo que em miniatura)
em situações tão bizarras é extremo, beirando o prazer sexual. Os contos também
tem um viés autobiográfico. Henry Chinaski está presente em cerca de 10 contos.
Em um deles, Confissões
de um Homem Suficientemente Insano para Viver com as Feras, Chinaski
casa com a editora-chefe de uma revista para onde tinha enviado seus contos. O
mesmo aconteceu com Bukowski. Em outro conto, Classe, Chinaski luta boxe com ninguém menos que Ernest Hemingway,
uma das referências literárias de Bukowski. E ganha! Solidão é o principal exemplo de que Bukowski gosta de se colocar
no lugar dos seus personagens. Nele , a personagem atende ao chamado de anúncio
em que um sujeito procurava uma esposa. E é recebida de uma forma nada
romântica (se fosse, não seria Bukowski).
Uma ótima oportunidade de ter acesso á
obra de Charles Bukowski a conta gotas.
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