Carlos Henrique Escobar é
professor aposentado, filósofo autodidata e provocador, dramaturgo e um auto
exilado em Portugal. Diante de um currículo tão extenso, faltou-lhe algo: ser
pai. E é exatamente isso o que procura sua filha, Ana Clara Escobar, diretora
de Os dias com ele (2013), documentário
que com o qual ela ao tenta resgatar a figura paterna. Não foi uma tarefa
fácil, se é que ela conseguiu.
Ao mesmo tempo em que ela queria
resgatar a memória da ditadura do seu pai, relacionando-a com a memória ausente
da relação de ambos, ele assumia uma personagem formal, fria, distante (tudo o
que ela queria romper para alcançar seu pai).
Um não queria fazer o filme que o outro desejava. E como o espectador
fica sabendo disso? Cenas que num documentário tradicional seriam retiradas na
edição, foram mantidas, mostrando os preparativos das entrevistas que Ana Clara
fez com o pai.
Outra situação inusitada é que
Ana Clara Escobar passa a ser, além de diretora, personagem do filme. Ela é a
filha que teve uma relação mínima com o pai intelectual e que busca encontrar
os motivos desse semiabandono. Uma boa oportunidade para conhecer um
intelectual intrigante e provocador que preferiu o anonimato. Uma boa
oportunidade também para saber que os grandes pensadores também enfrentam
dramas e dilemas comuns a qualquer ser vivente.
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