Nesse mesmo espaço, quando da sua
visita ao Brasil, em julho, falei que tinha sido seduzido pelo papa Francisco.
Reitero o que disse: o papa Francisco me seduziu naquela ocasião e tem me
seduzido cada vez mais com suas posições claras, objetivas, tolerantes e
humildes. Num ambiente marcado pela intolerância, onde cada um se declara
detentor da verdade absoluta e exclusivo representante divino no reino
terrestre, onde uma demencial soberba não permite que se encare a verdade como algo
subjetivo, as posições que Francisco tem assumido representam um acalanto.
Numa carta aberta direcionada ao
fundador do jornal La Repubblica,
Eugenio Scalfari, que não é católico, Francisco afirma que os não crentes serão
salvos se agirem conforme as suas consciências na conduta de vida. É a segunda
vez que o papa faz essa afirmação. Na primeira vez, meses atrás, ele foi
contrariado pela Igreja Católica através de um comunicado. Lembro-me do papa
Bento XVI, logo após assumir seu pontífice, deixar bem claro, sem meias
palavras, que a única forma de salvação era através da Igreja católica, que a
verdade somente seria encontrada dentro da Igreja católica.
Naturalmente que isso não fará
nenhuma diferença na vida daqueles que, como eu, são ateus. Não me tornarei
católico, nem mesmo cristão. Mas é simbólico! Simboliza uma possibilidade de
diálogo com outros credos (ou com a ausência deles), significa respeito aos que
não compartilham da mesma opinião que ele. Um bom exemplo para outros lideres
religiosos, cristãos ou não. O papa Francisco mostra, com sua humildade e
tolerância, que pode ser a luz no fim das trevas.
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