É ontológica mesmo! Somente a
metafísica para explicar a postura da ex-primeira-dama Rosane Collor na sua
entrevista ao Fantástico. O seu cinismo é transcendental! Cinismo por que ela
compactuou com as falcatruas do ex-marido durante não só os dois anos em que
ele foi presidente da República, mas pelos treze anos seguintes quando ela foi
casada com ele. Por que apenas agora a ex-primeira-dama resolve contar os
“podres” do hoje senador Fernando Collor de Melo? Cinismo por que a então
primeira-dama era presidente da LBA (Legião Brasileira de Assistência),
instituição que servia de cabide de emprego para os políticos na época e que
foi extinta pelo governo FHC, foi acusada de desvio de verbas do órgão e
destituída do cargo em virtude das denúncias.
Rosane abusa do cinismo quando
diz que “acha pouco” a pensão de R$ 18.000 que recebe do ex. E cita como
exemplo outra dondoca que recebe quase R$ 40 mil do ex. Não discuto o direito
que ela tem na partilha dos bens que ajudou a amealhar ao lado do ex-marido.
Mas uma pensão com valor tão alto é discutível para uma mulher ainda jovem. Será
que ela já pensou em trabalhar? Quando se refere às mortes das pessoas
envolvidas de alguma forma com Collor, Rosane diz que não acredita em
coincidência, mas em “jesuscidência”. Eu acredito em cara de pau, que é o que a
ex-primeira-dama esbanja durante a entrevista.
Rosane ainda ajuda a aumentar o preconceito
com religiões de matrizes africanas quando fala que o então presidente usava
rituais de magia negra para atacar ou se defender de inimigos. Como se essas
religiões só servissem para esse fim. Percebe-se que a conversão da
ex-primeira-dama deveu-se menos à força da fé do que ao peso do ressentimento.
Sua postura só reforça aquela ideia (também preconceituosa) de que “todo
evangélico é ex alguma coisa”. Em mim reforça a convicção, de resto já
arraigada, de que se deve sempre duvidar de um sujeito que anda com uma Bíblia
debaixo do braço usando-a como salvo-conduto ou como uma certidão negativa de maus antecedentes.
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