“Seria quase amor o que ela sentia por Carol, só que Carol era uma
mulher. Não chegava a ser loucura, mas certamente lhe deixava feliz”.
Therese Belivet é cenógrafa
recém-formada e trabalha na seção de bonecas numa loja de departamentos. Carol
Aird é uma dona-de-casa misteriosa e linda. Therese trabalha como vendedora
enquanto tenta construir a carreira de cenógrafa de teatro. Carol está
recém-separada e disputa a guarda da filha com o ex-marido. As duas vão se conhecer
no local de trabalho de Therese quando Carol procura uma boneca para presentear
a filha em um natal dos anos 50.
“E não precisava perguntar se aquilo estava certo, não era da conta de
ninguém, por que aquilo não poderia ser mais certo e perfeito”.
Desse momento em diante, os
encontros entre as duas serão frequentes. E os dramas também. Therese namora
Richard, mas não terá muito problemas em pôr um fim no relacionamento. Já Carol
começa a ser chantageada pelo ex, que descobre a relação e passa a pressiona-la
a abrir mão da guarda da filha. Para fugir da tensão do divórcio, Carol convida
Therese para uma longa viagem de carro. É durante essa viagem que grande parte
da trama se desenrola.
“Porém a questão mais importante não foi mencionada nem pensada por
ninguém – que o ajuste entre dois homens ou duas mulheres pode ser absoluto e
perfeito, de um modo que jamais pode ser entre a mulher e o homem, e que talvez
certas pessoas desejam exatamente isso...”
Publicado em 1953 com o
pseudônimo de Claire Morgan, Carol é
o segundo livro da escritora norte americana Patrícia Highsmith. E é mais do
que justificado o uso do pseudônimo. Contar uma história de amor entre duas
mulheres numa época em que a luta das mulheres por direitos iguais ainda
engatinhava e o direito de amar outra pessoa do mesmo sexo se mostrava algo
impensado era, no mínimo, um atrevimento desmedido. Mas ela conseguiu a façanha
com um texto que permite uma leitura ágil. Destaque para as descrições de
várias cidades americanas nos anos 50, que a autora consegue fazer muito
bem.
“–
Já se apaixonou por um rapaz?
–
Um rapaz?– Richard repetiu, surpreso.
–
É.
Talvez
tenham se passado uns cinco segundos, antes que respondesse:
–
Não – num tom positivo e final.
(...)
– Já ouviu falar nisso? – ela perguntou.
– Já ouviu falar nisso? – ela perguntou.
–
Ouvir falar? Você diz, de gente assim? Claro – Richard estava de pé, enrolando
a linha em forma de oito.
Therese
disse, com todo o cuidado, porque ele estava prestando atenção:
– Não estou falando de gente assim. Estou falando de duas pessoas que se apaixonam de repente uma pela outra, sem mais nem menos. Por exemplo, dois homens ou duas moças".
– Não estou falando de gente assim. Estou falando de duas pessoas que se apaixonam de repente uma pela outra, sem mais nem menos. Por exemplo, dois homens ou duas moças".
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