Em 2005, Reinaldo Moraes publica Umidade, com dez contos, seu quarto
livro, mas o primeiro de contos. Uma curiosidade é que Pornopopéia, que seria lançado em 2009, era o décimo primeiro conto
desse livro. Como era muito longo (60 páginas), o editor Luiz Schwarcz falou
que estava mais para “romance inacabado” do que para conto. “O que vou fazer
com esse romance inacabado? Acabar!”, pensou Reinaldo, dando origem ao seu
melhor livro, em minha opinião.
Mas voltando à Umidade. O conto que dá título ao livro
traz a história de Liminha, um jovem profissional da “nova economia”, bem
sucedido nos negócios, mas que tropeça nos seus ideais de mauricinho por causa
de Mariana, “a mulher mais gostosa do cone sul”, segundo ele próprio, uma
criatura virginal sempre vigiada de perto pela mãe, uma matrona portuguesa que
quer a todo custo preservar a pureza da filha.
No primeiro conto, Love is..., Nóris nos mostra que pior do
que marido, só ex-marido. Fantástico é o diálogo entre Horácio e Maria Helena
em Sildenafil. Com anos de casamento
no currículo, os dois conversam na cama antes de Horácio tomar o Viagra. Porém,
antes mesmo do remédio fazer efeito, uma discussão sobre neuroses e picuinhas
do casamento destrói um possível bom desfecho da noite. Em Bijoux, Edu, depois de levar um pé na bunda da namorada, acredita
que se deu bem ao achar uma carteira cheia de euros no aeroporto e sair com
dois mulherões.
Os personagens de Reinaldo Moraes
são tipicamente de classe média, com sonhos que, geralmente, se transformam em
pesadelos (se já não o são). Como diz Marcelo Mirisola na orelha do livro, o
habitat natural desses personagens “é uma imensa e úmida colônia de bactérias
morais chamada ‘classe média’”.
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