Filha de imigrantes italianos que
chegaram ao Brasil no início do século XX, a escritora Zélia Gattai resolveu
transformar em livro os “causos” que envolveram a saga dos Gattai em busca de
uma sociedade sem propriedade privada, sem religião e sem governo. O resultado
é a saborosa narrativa, misto de romance e autobiografia, Anarquistas graças a Deus, publicado em 1979 e transformado em
minissérie pela TV Globo em 1984.
Ernesto, o pai anarquista, e
Angelina, a mãe dona-de-casa que nunca aprendeu direito o português, mas que
adorava fazer uma “fezinha” no jogo do bicho a partir das interpretações dos
sonhos de todo mundo, se estabeleceram na Consolação, onde tinham uma oficina mecânica.
Na narrativa, Zélia conta as travessuras de crianças ao lado dos irmãos mais
velhos, Remo, Vanda Vera e Tito, a empregada Maria Negra e os colegas de infância.
Alternando com os “causos” domésticos,
Zélia retrata uma São Paulo dos anos 20, onde os bondes e os cavalos ainda
predominavam como meios de transporte. Nos conta também fatos históricos
vivenciados pela autora, como a Revolução Tenentista de 1924. Com uma narrativa
saborosa e, até certo ponto, poética, Zélia Gattai nos dá uma panorama
histórico da São Paulo que começava a se transformar na metrópole de hoje, como
também nos mostra o quanto de romantismo político havia nos imigrantes que
chegavam da Europa em busca de uma vida melhor.
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