Uma obra que expressa sentimentos que oscilam entre o amor e
a guerra, a brutalidade e a sutileza, os encontros e os desencontros. A casa das sete mulheres, da gaúcha Letícia
Wierzchowski, ao lado de romances do também gaúcho Tabajara Ruas sobre a
Revolução Farroupilha (1835-1845), foi feito para ser um clássico. Pena que só
ficou famoso após virar minissérie da Rede Globo, em 2003.
As vésperas da Revolução Farroupilha, o general Bento
Gonçalves, líder dos rebeldes gaúchos contra as forças do Império, envia todas
as mulheres da família para a Estância da Barra, pertencente à família. No dez
anos que dura a guerra, Antônia, Caetana, Rosário, Ana, Perpétua, Manuela e
Mariana vão viver as angústias de ter os seus homens (maridos, filhos, irmãos,
cunhados) na guerra.
A narrativa do livro se divide entre a vida na Estância da
Barra e o diário de Manuela, onde ela derrama todo seu amor por Garibaldi. Além
dessa paixão arrebatadora, Letícia narra de forma poética os desencontros de
Rosário e Steban, o fantasma por quem se apaixona; o amor equilibrado de
Caetana por Bento Gonçalves; a resignada solidão de Ana: a felicidade de
Perpétua, que encontrou o amor em meio a guerra.
Com uma reconstituição história perfeita, o romance enfatiza
o caráter conservador da educação das meninas filhas dos estancieiros gaúchos
no século XIX. Mas, a despeito dessa educação, elas se mostram mulheres fortes
na adversidade. Grande parte da bravura dos combatentes gaúchos está na força de
suas mulheres. Enfim, uma obra-prima da literatura brasileira que a TV não
conseguiu estragar.
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