Adaptado do livro homônimo de Fernando
Morais, vencedor do Prêmio Jabuti de livro do ano de não ficção em 2001, Corações sujos (2011), dirigido por
Vicente Amorim e roteirizado por David França Mendes, é uma verdadeira
miscigenação cultural, trazendo, às vezes na mesma cena, falas em português e japonês.
Na verdade, cerca de 70% do filme é falado em japonês. A história é contada por
uma professora primária que fugiu da guerra no Japão, que ver seu marido, um
pacato fotógrafo japonês, transformar-se num assassino e por à perder a
história de amor deles.
Nos anos imediatamente após a
rendição do Japão aos estados Unidos, havia um grupo no Brasil chamado Shindo Renmei,
formado por japoneses que não admitiam a hipótese de seu país ter perdido a
guerra. Os que aceitavam essa verdade irremediável eram chamados de corações
sujos e considerados traidores, cujo castigo era a morte. Começa assim, depois
do conflito mundial, uma pequena guerra dentro da comunidade japonesa no
Brasil.
Com produção conjunta entre
Brasil e Japão, o elenco do filme é formado por atores veteranos do Japão e por
atores descendentes de japoneses que vivem no interior de São Paulo e do
Paraná, além de atores brasileiros consagrados como Eduardo Moscovis, no papel
do delegado de polícia. O grande mérito de filme é mostrar de forma não
maniqueísta a dificuldade de adaptação do imigrante japonês aos novos tempos pós-guerra
e à cultura brasileira. Um filme que vale à pena ser assistido...
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