Dublinenses, de James Joyce, foi publicado em 1914, dez anos depois
de ter sido iniciado e após o autor ter sido obrigado pelo editor, Grant
Richards, a fazer modificações em alguns contos do livro. Recebido com silêncio
da crítica e do público, o livro se revelou, ao longo do século XX, o espelho
do homem no alvorecer do século que então se iniciava. Todas as narrativas
descrevem pessoas que estão em Dublin, mas poderiam está em qualquer lugar.
Ao contrário da imagem tão
difundida da obra de Joyce como algo praticamente intransponível (que o diga Ulisses, Retrato de um artista quando jovem e
Finnegan´s Wake) os quinze contos de Dublinenses têm uma prosa gostosa e são
divididos pelo próprio autor em quatro temas: infância, adolescência, vida
madura e vida pública, acabando por formar uma espécie de história moral da
Irlanda, como definiu o próprio Joyce.
A inocência das crianças, cuja
ausência de malícia é preenchida de forma imaginativa aparece em As irmãs, Arábia e O encontro. A juventude promissora e romântica aparece em contos
como Eveline e Dois Galanteadores (esse último considerado muito obsceno pelo
editor, obrigando Joyce a modificá-lo). Já a maturidade se apresenta em dois
contos: Uma pequena nuvem e Contrapartida.
O conto que fecha o livro, Os mortos, serviu de base para o
cineasta americano John Huston fazer seu último filme, em 1987. Um clássico de
James Joyce, como todos os seus livros, só que com uma diferença: esse é
acessível à simples mortais.
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