Não, não é nenhuma referência
aquela disciplina dos idos tempos, depois substituída pela disciplina de Língua
Portuguesa. Refiro-me a expressões usadas no dia-a-dia e que, com o tempo ou
por mudança de região, vão desaparecendo da nossa linguagem cotidiana, mas
ficam guardadas em algum canto recôndito da nossa memória. Passei o mês de
junho na Paraíba, minha terra natal e que, nos últimos dezoitos anos, só vou de
férias, e tive a oportunidade de escutar palavras ou expressões que há muito
não ouvia nem falava, o que me trouxe certa nostalgia.
Certa manhã estava eu numa rua do
centro de Campina Grande quando ouvi um rapaz usar a expressão “mesmo que
queijo”. Não prestei atenção no contexto em que a frase foi dita, mas lembro
bem do seu significado, dito por mim muitas vezes quando era criança. A
expressão é usada quando alguma coisa é ou está muita boa, então diz-se que
tal coisa é boa “mesmo que queijo”. Expressão que, no meu caso, vem bem a
calhar, pois sou apaixonado por queijo. De imediato lembrei-me de uma expressão
muito usada nos meus tempos de criança: ir a um “assustado”, que era ir a uma
festa na casa de alguém. Desconfio que a origem do termo está no fato de as
pessoas chegarem de surpresa na casa do anfitrião, assuntando-o.
Dias depois, na casa de um amigo,
entre cervejas geladas e generosas doses da boa cachaça areiense, o assunto
novamente veio à baila. Como não havia ninguém com menos de trinta anos, foram “desenterradas”
coisas do “arco da velha”. Falou-se em “pegar bigu”, que em tempos remotos era
o mesmo que pegar carona. Outra expressão surgida na conversa foi “pebado”.
Dizer que um sujeito “está pebado” é que a situação dele não era nada boa.
Acredito que o termo tem relação com o peba, um animal que vive em buracos.
Outras palavras arcaicas surgiram
como “frexêro” e “tchibungo” para designar mergulho. Sem contar os produtos das
antigas que não mais existem, como o refrigerante Crush e o macarrão Cimal, que
não cheguei a conhecer, cujo slogan era: “Come-se bem, comendo Cimal”. Lembraram
até de pitisqueiro, que era um móvel de cozinha usado para se guardar a louça e
os talheres. E “Pantim”? um sujeito está com “pantim” quando ele está com
frescura, manias. Existe a possibilidade de a origem dessa palavra está no
francês pantin, que significa
fantoche, pessoa ridícula. São muitas as expressões que se foram e deixaram
saudades. Eita, tempo bom que não volta...
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