Mario Benedetti nasceu em Paso de
los Toros, no Uruguai, em 1920. Começou a carreira literária em 1949, mas só
ficou famoso em 1956 ao publicar Poemas
de oficina, uma de suas obras mais conhecidas. Em 79 anos de vida foram
mais de 80 livros de poesia, romances, contos, ensaios e roteiros de cinema.
Mas foi Gracías por el fuego, de 1965, que deu-lhe a reputação
de um dos mais importantes pensadores latino-americano da segunda metade do
século XX, sendo censurado não apenas no seu país, mas também na Argentina e na
Espanha.
Gracías por el fuego é um livro de frustrações pessoais e
coletivas. Essas se referem às desilusões de toda uma geração de uruguaios que
não conseguiam se encontrar diante de uma crise econômica e social que abalavam
sua autoestima de uma juventude que se recusava a reconhecer e valorizar a
cultura do seu país. Aquelas se referem às frustrações de Ramón Budiño, um
jovem que tem uma relação conflituosa com o pai, uma relação apática com o
filho e vive num casamento rotineiro.
A relação entre Ramón e seu pai,
Edmundo Budiño, é a parte mais forte do livro e uma apologia à relação de
dependência e opressão capitalista que o Uruguai vivia com relação às nações
ricas nos anos 60. O conflito entre ambos começa quando Ramón descobre os
negócios escusos do pai e a origem de sua fortuna, da qual Ramón se usufrui,
pois foi com o dinheiro do pai que sua agência de viagens foi montada. A partir
daí, Edmundo passa a ser simplesmente o “velho”, de pai admirado a alvo de uma
conspiração de Ramón, que planeja mata-lo. O fracasso do plano parricida é uma
apologia ao futuro incerto para onde o país caminhava na época. Uma obra que estimula
o leitor a buscar outros livros de Benedetti.
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