Aproxima-se a noite de 31 de
dezembro e começam os mesmos rituais: vestir roupa branca, usar cueca ou
calcinha amarela, comer lentilhas, pular ondas, fazer oferendas a Iemanjá,
fazer tintim com taças de champanhe, entre outras superstições (ou mandinga, ou
pantim, como queiram).
- Tintim ao ano que se inicia! –
fala um.
- Que seu ano seja repleto de
felicidades. – desejo outro num abraço fraterno no próximo.
- Esse ano serei uma pessoa
melhor. – choraminga um terceiro para ouvintes próximos.
- Que Deus ilumine nossos
caminhos nesse ano que se inicia. – suspira um mais devoto, encharcado de
cerveja.
- Um brinde à nossa felicidade –
esbraveja um mais exaltado pelo álcool.
Mas não se enganem nada vai mudar
em 2013! As pessoas continuarão matando no trânsito (e fora dele); a falta de
educação continuará a ser a tônica no dia a dia; a Lei de Gerson continuará a
nortear a ação de todos; políticos continuarão a tratar o que é público como se
fosse privado (e os eleitores, na sua eterna complacência e cumplicidade,
continuarão a elegê-los); as relações continuarão acontecendo e acabando (pelo
descumprimento do que foi prometido no réveillon); a educação continuará não
alfabetizando ninguém; os livros continuarão onde sempre estiveram: longe do
leitor; todos continuarão falando mal de todos (inclusive daquele em quem deu
aquele abraço fraterno).
O ritual de passagem de um ano
para outro nada mais é do que isso: o ritual. Como todo ritual, só tem
importância no momento em que acontece. Passado toda aquela liturgia, torna-se
apenas lembrança. O que estaremos vestindo, o que vamos comer ou o que vamos
dizer aos outros naquela data não tem importância se nos outros 365 dias do ano
vindouro não mudarmos a nossa postura diante do que queremos que mude. Passe o réveillon
vestindo preto, vermelho ou azul; coloque uma cueca ou calcinha de qualquer cor
ou simplesmente não coloque nenhuma; coma um X-tudo com uma Coca-Cola; silencie
no isolamento do seu lar e não abrace ninguém; não brinde a nada. Mas
mude!
2013: mais do mesmo!
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