O segundo livro do jornalista
baiano Fernando Vita (o primeiro foi Tirem
a doidinha da sala que vai começar a novela), Cartas anônimas: uma hilariante história de intrigas, paixão e morte, é
de difícil leitura. Não pelo palavreado rebuscado, que não existe. Mas pelas
gargalhadas que o leitor não consegue controlar no decorrer do livro. O
subtítulo fala por si. O romance epistolar se passa na inexpressiva e fictícia
Todavia, cujo labirinto missivista nasce da visão solitária do
observador-narrador, que se vale das cartas anônimas que a população usa para
espalhar maledicências sobre desafetos e dos seus escritos para expor o passado
e o presente da cidade.
Salientado que as cartas anônimas
em Todavia não serviam apenas para desancar os desafetos, mas também para
conquistar namoradas e espalhar boatos. Tudo começa com uma carta romântica (anônima,
naturalmente) endereçada à bela e desejada viúva Boneca, assinada por “O
Sedutor”, que plagia um poema de Olavo Bilac para impressionar a amada. A
partir daí surge um labirinto de cartas anônimas cujas histórias se entrelaçam.
A vida em Todavia passa a girar em torno das futricas e da obsessão em
descobrir quem é “O Sedutor”.
Não é possível encontrar heróis
(nem bandidos) em Todavia. Todo mundo tem algo a esconder (e a declarar da vida
dos outros). Os personagens e seus pecados se sucedem: o Grão-Mestre da
maçonaria Clinésio (que adora “fofar o ofiminguim” da sua esposa, D. Amélia), o
juiz Efraim (que vive bêbado e é traído pela esposa), Teófilo (cuja profissão é
ser marido da professora). Um livro rico em humor, com uma linguagem de mesa de
bar, mas sem agredir a sensibilidade de algum leitor em virtude da habilidade
do autor em contar as histórias de forma hilária. É para rir da primeira à
última página.
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