“O rock’n’roll é rebelião, não consumo!”
Fruto da parceria do jornalista e
escritor Marcelo Rubens Paiva com o baixista e vocalista da banda punk
Inocentes Clemente Tadeu Nascimento, Meninos
em fúria: e o som que mudou a música para sempre, publicado em 2016, faz um
registro da história do rock brasileiro, mais especificamente do punk. Originalmente,
segundo o depoimento dos autores, a livro era para ser uma biografia do
Clemente, um dos precursores do punk rock no Brasil. No entanto, por algum
motivo não explicado (e acredito que nem eles saibam), o livro se transformou
numa compilação de memórias dos dois: um velho punk de meia idade e um
jornalista quase punk também de meia idade, ambos com muitas histórias para
contar.
“Na ditadura, nossos pensamentos eram vedados, nossas palavras, mais
ainda, mas nossos corpos eram livres. Nossos corpos e cabelos eram a nossa
única possibilidade de expressão”.
Marcelo Rubens Paiva, veterano
escritor, autor do best-seller Feliz ano velho (1981), mostra que é um
competente contador de histórias e anedotas. Nos dois primeiros capítulos,
Paiva de dedica a mostrar, sempre em primeira pessoa, a cena musical brasileira
no final dos anos 70 e início dos anos 80. Por coincidência, na mesma época em
que sofreu o acidente que o deixou paraplégico, tema do seu primeiro livro. Muito
próximo do ambiente musical da época, ensaiava os primeiros passos como músico
(e estudante universitário) quando sofreu o acidente. Esse fato, porém, não
impediu Paiva de continuar frequentando os shows das bandas que surgiam.
“Algo difícil de explicar do mundo punk: o sucesso não interessava. O
sucesso é burguês. Fazer sucesso é ceder”.
Já clemente é o fio condutor da
narrativa. De origem humilde, sempre foi obcecado por música. Em 1978, aos
quinze anos, iniciou sua carreira como baixista da banda Restos de Nada,
considerada a primeira banda punk do Brasil. Em 1981, foi um dos fundadores da
banda Inocentes, até hoje em atividade. Era uma época conturbada, além da
repressão da polícia à qualquer movimento cultural que fosse visto como
“subversivo”, os próprio punks também não se entendiam. As tretas entre os punks de são Paulo, entre os quais Clemente, com os
punks do ABC eram frequentes. Como se fosse num bate papo numa roda de amigos, Marcelo Rubens Paiva e Clemente usam as próprias
experiências para falar de uma época em que o país passava por intensas
mudanças políticas, sociais, econômicas e, por que não dizer, musical também.
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