“Uma das armas mais fortes do homem é esse poder terrível de dominar
por sua presença uma mulher cuja imaginação naturalmente impressionável se
aterroriza ou se ofende com uma perseguição”.
O escritor francês Honoré de
Balzac é conhecido por suas agudas observações psicológicas na construção de
personagens. Extremamente produtivo, em seus mais de cem escritos, entre
romances e ensaios, abordou temas como o dinheiro, a usura, a hipocrisia
familiar, os costumes sociais, a política francesa, a pobreza no ambiente
rural, entre outros. A mulher de trinta
anos é um conjunto de fragmentos publicados de forma dispersa e somente
reunidos e publicados sob esse título em 1842. Dividido em seis partes, a obra
tem como personagem principal Julie, a dita mulher a que se refere o título.
“Tanto a infelicidade como a felicidade verdadeira nos levam ao
devaneio”.
Na primeira parte, Primeiros erros, Julie, contra a vontade
do pai, casa com o primo e coronel do exército napoleônico Vítor, com quem tem
uma filha, Helena. O casamento só lhe trará dissabores e Julie conhece e se
apaixona pelo nobre inglês Lorde Artur Grenville,
médico, que promete ao marido da amada que irá curá-la da melancolia. O
problema é que o jovem amante morre num acidente inusitado, aprofundando a
tristeza da moça. Na segunda parte, Sofrimentos
desconhecidos, Julie se retira para um castelo no interior da França na
busca da cura. Em vão.
“Uma mulher incapaz de evocar os acontecimentos mais graves
lembrar-se-á por toda a vida das coisas que dizem respeito a seus sentimentos”.
Na terceira parte, Aos trinta anos, a madura (e ainda
melancólica) Julie conhece Carlos de Vandenesse, que se apaixona por ela. Na quarta parte, O dedo de Deus, Helena mata afogado o
irmão menor, Carlos (filho legítimo ou ilegítimo de Julie?). A quinta parte, Os dois encontros, é a mais cheia de
reviravoltas. Julie, mais velha, abandona a família, num lance folhetinesco,
com um foragido da justiça. A sexta e última parte, A velhice de uma mãe culpada, mostra Julie com cinquenta anos e
desprezada pela filha, Moina. A morte é o seu destino.
“Na mulher de trinta anos agitam-se indecisões, terrores, perturbações e
tempestades que jamais se encontram no amor de uma mocinha”.
Quer saber? É um livro chato!
O ponto positivo é a descrição da sociedade francesa do século XIX e o que era
ser uma mulher naquela época, mas a história é confusa. Talvez por ela fazer
parte de uma obra maior, A comédia
humana, o que, às vezes, deixa a história desconexa. E não apenas isso!
Julie é uma personagem chata com sua interminável melancolia e infindável
infelicidade. Mas Balzac é clássico e deve ser lido. Mesmo com uma linguagem
difícil (mas nem tanto) e uma personagem nem um pouco carismática, A mulher de trinta anos é um livro a ser
lido.
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