"Posso não ser o melhor roteirista de Hollywood, mas sou de
longe o mais rápido." (Dalton
Trumbo)
No início do ano passado, foram
lançadas simultaneamente no Brasil a biografia e a cinebiografia de Dalton
Trumbo. Roteirista mais bem pago de Hollywood nos anos 50, Trumbo assinou o
roteiro de clássicos do cinema como Papillon,
A princesa e o plebeu, Exodus e Spartacus.
No livro Trumbo: a vida do roteirista
ganhador do Oscar que derrubou a lista negra de Hollywood, o crítico,
jornalista e escritor Robin Cook aborda a vida do roteirista desde a infância
difícil, quando teve que se envolver em negócios ilícitos para sobrevir, até
sua morte, em 1976, aos 70 anos, vítima de um ataque cardíaco.
“Nunca fiquei desempregado em toda a minha vida, nem durante a
Depressão, nem durante a lista negra”. (Dalton Trumbo)
James Dalton Trumbo nasceu na
pequena Montrose, no Colorado, em 1905, onde teve uma infância difícil, tendo
que exercer vários tipos de profissão para sustentar a mãe e as irmãs após a
morte do pai. Ainda adolescente, trabalhou em jornais locais, cobrindo
tribunais e fazendo obituário. Seu primeiro romance, Eclipse, publicado em 1935, narrava, sob uma perspectiva realista,
a história de uma pequena cidade e seus habitantes. O problema é que muitos
moradores de Montrose se viram naquelas descrições, o que causou embaraços à
Trumbo durante décadas.
“Todos aqueles anos de privações só serviram para aumentar sua estima
pelo dinheiro”.
Começou a trabalhar em roteiros
de filmes em 1936 e, três anos depois, publicou seu segundo romance, Johnny vai à guerra, um clássico
pacifista inspirado num artigo sobre um soldado que ficou desfigurado na
Primeira Guerra Mundial. No início dos anos 40, Trumbo já era um roteirista bem
remunerado e requisitado em Hollywood e, em 1943, filia-se ao Partido
comunista, fato que lhe trará problemas anos depois e marcará a sua biografia.
O episódio, ocorrido em 1947, ficou conhecido como Os dez de Hollywood, quando
Trumbo e mais nove cineastas foram convocados a depor numa comissão do
Congresso americano que investigava uma suposta infiltração de comunistas na
indústria do cinema.
“Ele (trumbo) é o homem mais desprovido de hipocrisia numa cidade de
hipócritas”.
Trumbo recusou-se a falar nome de
colegas que supostamente seriam comunistas e, três anos depois, é condenado por
desobediência, passando onze meses na prisão, e foi incluído na Lista Negra, a
relação de profissionais do cinema (atores, diretores, roteiristas) que estavam
proibidos de trabalhar no setor. Mesmo preso e incluído na Lista negra não
parou de escrever. E depois de solto foi para o México, onde escreveu mais de
trinta roteiros sob pseudônimos ou usando nomes de colegas. Chegou a ganhar o
Oscar desse jeito. Trumbo só foi reabilitado em 1960, quando assinou o roteiro
do filme Exodus.
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