O fato de Oswaldo Mendes ter sido
amigo de Plínio Marcos poderia colocar em dúvida a qualidade de Bendito maldito – Uma biografia de Plínio
Marcos, publicada em 2009, dez anos após a morte do dramaturgo. Não é o
caso. Mendes fez uso do rigor jornalístico e recorreu a todas as fontes
possíveis para chegar o mais próximo possível de uma versão definitiva para as
muitas polêmicas em que o seu biografado se envolveu. E não foram poucas.
Plínio era um prodígio em gerar histórias sobre si mesmo e em se envolver em
“encrencas”.
E encrencas foi o que não faltou
em sua vida. Autor de peças que causaram polêmicas, como Navalha na carne, Dois perdidos numa noite suja, Barrela, entre
outras, Plínio foi inúmeras vezes censurado, o que fez com que tivesse sérios
problemas financeiros. A força dos seus textos surpreendia até mesmo seus pares
do teatro, como Augusto Boal, que impôs condições leoninas para a estreia de Dois perdidos numa noite suja, no teatro
Arena, em 1966, por medo da reação da censura.
Em paralelo à
vida de Plínio, é fascinante termos contato com histórias deliciosas de
personalidades do teatro brasileiro, como Pagu, Procópio Ferreira, Tônia Carrero
e Cacilda Becker. Tônia Carrero, considerada a mulher mais linda do Brasil nos
anos 50 e 60 e com uma aura de pureza diante do público, causou escândalo ao
aceitar interpretar Neuza Sueli, a prostituta de Navalha na carne, com palavrões em suas falas e uma postura nada
digna para uma mulher “de família”, como Tônia era vista por parte do público. Os mais puritanos atestaram que seria o
fim da sua carreira. A História se encarregou de desmenti-los.
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