Concorde ou não com ele, Paulo
Francis era o tipo de jornalista que mexia com quem lia seus textos. A direita
o acusa de esquerdista e comunista, a esquerda o acusava de reacionário. O fato
é que Francis não tinha “papas na língua”. E essa língua solta o colocou em
situações vexatórias, se indispondo com muita gente, a ponto de sofrer
agressões físicas. No caso, do ator Paulo Autran e do então marido da atriz
Tônia Carreiro, Adolfo Celi, a quem acusou de se prostituir e vender fotos suas
pelada. Tudo isso é contado no livro Paulo
Francis, do jornalista Daniel Piza, publicado em 2004, na série Perfis do Rio.
Nascido Franz Paul Trannin da
Matta Heiborn, no Rio de Janeiro, em 1930, neto de alemães, estudou em escolas
católicas até entrar para a Faculdade Nacional de Filosofia, nos anos 50. Nesse
período fez parte do Centro Popular de Cultura da UNE e foi ator amador.
Abandonou o curso no Brasil para fazer pós-graduação em literatura dramática na
Universidade de Columbia, que também não concluiu. Começou no jornalismo como
crítico de teatro no Diário Carioca, entre 1957 e 1963. A partir desse ano, foi
convidado por Samuel Wainer para assumir a coluna política no Última Hora. Foi
contra o Golpe Militar de 1964 e durante a Ditadura Militar trabalhou no
Pasquim.
Nos fim dos anos 70, Francis
enveredou pela literatura. Nos próximos textos desse blog, vamos falar sobre
alguns livros de ficção e não ficção escritos pelo jornalista nos vinte anos
seguintes. Em 1977, publicou Cabeça de
papel, que teria sua continuidade com Cabeça
de negro, dois anos mais tarde. Em 1982 é publicado Filhas do segundo sexo, com duas novelas que tematiza a emancipação
da mulher de classe média na época. Em 1994, Francis publica Trinta anos essa noite, livro de
memórias sobre a Ditadura Militar. Postumamente, foi publicado em 2008 o livro Carne viva, que seria o terceiro volume
da trilogia que Francis pretendia escrever, junto com Cabeça de papel e Cabeça de
negro.
Paulo Francis morreu em 1997,
vítima de ataque cardíaco. Muito acreditam que foi consequência do estresse a
que vinha sendo submetido nos últimos meses, quando foi processado por acusar,
sem provas, os diretores da Petrobrás de possuírem US$ 50 milhões em contas na
Suíça. Diante da condenação quase certa a pagar uma indenização milionária, o
coração de Francis não suportou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário