Na sua terceira incursão no campo
da ficção, Paulo Francis consegue dá um salto positivo com relação á qualidade
narrativa. A verborragia é deixada de lado e o autor consegue expor suas ideias
sem cansar o leitor. Filhas do segundo
sexo, publicado em 1982, seu quinto livro, terceiro de ficção, é composto
por duas novelas, Mimi vai à guerra e
Clara, Clarimunda, com fio condutor
comum: a emancipação da mulher de classe média em meados dos anos 70.
“O que mamãe explicava que Mimi entregaria a Gil na noite do
casamento, Mimi entregara anos atrás e nem lembrava a quem...”
A primeira novela, Mimi vai à guerra, começa com a
personagem do título fazendo um “boquete” em Pedro, um coroa casado e
endinheirado com quem tem um romance clandestino. Claro que Pedro não é o
único, mas Mimi o considera o “titular”. Alternando malícia e ingenuidade, Mimi
tenta convencer a esposa do amante, uma matrona arrogante, a conceder-lhe o
divórcio para que ambos possam viver esse “grande amor”. As consequências são
desastrosas.
Clara ficou de pé. Não tinha remorsos, tinha carências...”
A segunda novela, Clara, Clarimunda, a personagem-título
abandona a carreira para cuidar doas filhas e acompanhar o marido, também
cientista social, no mestrado e no doutorado. Apesar do companheirismo entre
ambos, os anos de casamento destroem o romantismo, o que desagrada Clara, que
buscará novos horizontes em termos afetivos. Em ambas as novelas, Francis
consegue o que não conseguiu nos seus dois primeiros romances: prender o leitor
com uma narrativa fácil e trazer à luz suas ideias sobre emancipação feminina.
"A
ilusão do livre arbítrio é a mais poderosa e intoxicante"
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