Terceiro volume de uma trilogia sobre o século XIX (os
anteriores foram 1808 e 1822), 1889, do jornalista Laurentino Gomes, tem o mérito de levar ao
grande público os acontecimentos históricos que foram fundamentais para a
consolidação do país que temos hoje. Com mais de 150 livros na bibliografia,
entre clássicos de Sérgio Buarque de Holanda e Oliveira Viana, Laurentino fez
uma pesquisa exaustiva não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, como também
visitando os locais que foram cenários dos fatos narrados, para dar cor e
atmosfera ao texto.
1889 nos mostra que a República era
inevitável, principalmente após a Monarquia perder o apoio dos militares, que
se sentiam desprestigiados e desvalorizados pelo imperador. Porém, a queda do
regime começou a se desenhar bem antes. A liberdade de imprensa no Segundo Reinado
favoreceu a proliferação de novas ideias, como também o machismo e xenofobia,
já que a princesa Isabel era a herdeira do trono e era casada com um francês.
Laurentino descontrói a figura do Marechal Deodoro da
Fonseca, tido como o “herói” do movimento que acabou com a Monarquia no Brasil.
Primeiro, ele não queria participar do movimento, em parte por ter sérios
problemas de saúde; segundo, após derrubar o gabinete do Visconde de Ouro
Preto, Deodoro relutou em proclamar a vitória, destituindo também o imperador. Ele
só mudou de ideia quando soube que D. Pedro II tinha nomeado Silveira Martins como
chefe do novo ministério, seu desafeto que roubara-lhe o coração de uma bela
viúva na época em que era governador do Rio Grande do Sul.
Como se vê, as paixões movimentam a política brasileira há
tempos.
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