Depois de Miguel Sanches Neto,
outro talento da literatura nacional contemporânea é Santiago Nazarian,
escritor paulista de 38 anos que já publicou oito livros, sendo seis romances e
dois de contos, além de fazer parte de diversas coletâneas de contos. Eleito,
em 2007, o escritor jovem mais promissor da América Latina pelo júri do Hay
Festival em Bogotá, Nazarian batiza seu projeto literário de “existencialismo
bizarro”, uma mescla de referências clássicas da literatura existencialista com
cultura pop, trash e horror.
Em Biofobia, oitavo livro de Nazarian, publicado no ano passado,
André, um roqueiro de meia idade que desfrutou de todos os excessos da sua
geração, mas com a carreira em baixa, se isola na casa de campo deserta e
sinistra onde vivera sua mãe, que cometera suicídio há pouco tempo. Entre
garrafas de bebida, drogas e telefonemas para a ex-namorada, André se vê às
voltas com o tema “morte”, tanto de uma perspectiva filosófica quanto prática
(tem que providenciar o enterro e resolver as questões relacionadas à herança
materna). Como se isso não bastasse, as incertezas sobre p seu futuro o
atormenta.
Além de André, a natureza é outro
“personagem” da trama. Ao mesmo tempo em que a mata tenta retomar seu espaço
invadindo a edificação, as paredes da casa parecem tomadas por livros, um
subproduto das árvores que tentam invadir o espaço. Ao mostrar o conflito entre
o concreto da casa e a natureza a invadi-la, Nazarian faz um excelente
contraponto entre a decadência psicológica-emocional de André e a vida a brotar
na natureza ao seu redor.
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